São Paulo, terça-feira, 17 de junho de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Janaína quer barrar série sobre Leila Diniz

CRISTINA GRILLO
DA SUCURSAL DO RIO

Vinte e cinco anos depois de sua morte em um acidente aéreo na Índia, a atriz Leila Diniz é o tema de três programas a serem exibidos pelo canal de TV paga GNT.
"Três Vezes Leila" tem como ponto de partida um texto emocionado escrito por Carlos Drummond de Andrade pouco depois do acidente que a matou. Cada um dos três episódios tem como título frases retiradas do texto.
"Leila foi um mito. Talvez tenha sido a principal responsável por muitas das conquistas das mulheres de nosso tempo. Poderia até dizer que fizemos um trabalho feminista, que enaltece essa figura", diz Sérgio Motta Mello, da TV1, produtora dos programas.
Apesar do tom elogioso do programa, uma ameaça paira sobre a exibição de "Três Vezes Leila", prevista para os dias 26, 27 e 28 de junho. Janaína Diniz, filha da atriz e do cineasta Ruy Guerra, contratou a advogada Eny Moreira para analisar a possibilidade de algum tipo de ação judicial contra a exibição do programa.
Janaína e a advogada não comentam o assunto, mas o departamento jurídico do GNT estuda um fax da advogada. Nele, Eny Moreira questionaria o fato de a imagem de Leila estar sendo usada sem a autorização de Janaína.
"Não quero falar sobre esse assunto. Não quero lembrar o dia em que minha mãe morreu, nem quero saber quando o programa será exibido. Detesto toda essa movi mentação e minha advogada também não fala sobre isso", disse Janaína à Folha na quinta-feira.
A diretora do GNT, Letícia Muhana, não fala sobre o assunto. A única informação é que a exibição do programa está mantida.
Os três episódios de "Três Vezes Leila" são apresentados por Marieta Severo -uma das melhores amigas da atriz e considerada por Janaína como sua segunda mãe.
No primeiro dos três episódios, "Revelação de Vida", é feito um apanhado biográfico da vida da atriz. Cenas de filmes como "Todas as Mulheres do Mundo", de Domingos de Oliveira, então marido de Leila, são apresentadas.
No segundo, "Sem Discurso nem Requerimento", Leila é apresentada como uma mulher que, no período de polarização política do final dos anos 60, era perseguida pela direita por suas posições consideradas avançadas e criticada pela esquerda pelo que era considerado então falta de engajamento político.
O terceiro episódio, "Mil Estilhas Cintilantes" mostra a influência da atriz, que morreu aos 27 anos, nas mudanças comportamentais no início dos anos 70.

Hoje, excepcionalmente, a coluna de José Simão não é publicada.

Texto Anterior: Último dia de 'Babel' exigiu fôlego
Próximo Texto: Matinês caprichadas
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.