São Paulo, sexta-feira, 20 de junho de 1997
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Maluf oferece vaga de vice e senador a PFL

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

Paulo Maluf (PPB) ofereceu ao PFL as candidaturas a vice-governador e a senador na chapa que deve liderar na campanha eleitoral paulista de 98.
A proposta foi feita há cerca de 15 dias. Maluf tem pressa e quer evitar que o governo federal interceda contra sua aliança com o PFL paulista para enfrentar a virtual candidatura à reeleição de Mário Covas (PSDB).
Na conversa com os pefelistas, Maluf não indicou nomes do PFL que gostaria de ostentar em sua chapa, embora em conversas anteriores tenha insinuado que o senador Romeu Tuma daria um bom mote para um discurso sobre segurança na campanha eleitoral.
Para pavimentar o caminho da aliança, Maluf conversou com os caciques nacionais do PFL Antonio Carlos Magalhães (BA) e Jorge Bornhausen, seu ex-desafeto. Obteve sinal verde.
Para a cúpula do PFL, interessa manter o mistério sobre a posição do partido na sucessão paulista. A indefinição pode render nas negociações com Fernando Henrique Cardoso, já que ninguém leva a sério a possibilidade de o presidente da República optar pela neutralidade no confronto do mais importante Estado do país e berço do PSDB.
O objetivo de Maluf, sabem os pefelistas, é o tempo de TV que o partido terá no horário eleitoral gratuito. Sem personalidades muito conhecidas, com exceção de Tuma, o PFL paulista tem como atrativos apenas o espaço de TV e uma leva de prefeitos, a maioria com origem política no malufismo.
Oficialmente, a direção do PFL em São Paulo afirma que o partido terá candidatura própria ao governo estadual. É o que diz, por exemplo, Cláudio Lembo, presidente do diretório paulista.
No bastidor, porém, não se aposta um centavo na eventual candidatura Tuma. Dois argumentos embasam o ceticismo: Tuma estaria apenas mantendo a tradição de "ameaçar" com uma candidatura, para ganhar espaço em futuras composições, e, além disso, o senador saberia que não resistiria a um confronto com Maluf, que atua na mesma faixa ideológica de seu eleitorado.
Covas
O PFL paulista tem três secretários na equipe do prefeito Celso Pitta, afilhado político de Maluf. Não ocupa nenhuma vaga entre os principais auxiliares de Covas.
"Falta um gesto público de Covas", afirma Lembo ao comparar o assédio de Maluf com o do atual governador. Graças a cargos que mantêm no segundo escalão da administração estadual, porém, os deputados estaduais do PFL representam hoje o maior entrave à conclusão do acordo entre PPB e PFL no Estado.
A definição pefelista, como recomenda a lógica pragmática da legenda, só deve ocorrer no início do ano. Até lá, os operadores tucanos vão tentar, via PFL nacional, alertar os parceiros brasilienses sobre o "risco" que representaria entregar São Paulo a um governador sabidamente ambicioso no meio de um provável segundo mandato de FHC, vislumbrado como mais difícil que o atual.
Maluf sabe que não receberá a "mercadoria" tempo de TV do PFL tão facilmente. Por isso, fez a oferta que, provavelmente, Covas não terá condições de repetir.
O PSDB, ao contrário do PPB, tem nomes que pensam em concorrer a vice-governador ou a senador. É o caso, por exemplo, de Geraldo Alckmin (atual vice de Covas) e do ministro da Educação, Paulo Renato Souza.
O chefe da Casa Civil de Covas, Walter Feldman, foi escalado para tentar deter a sedução malufista sobre o tempo de TV do PFL.

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