São Paulo, sexta-feira, 20 de junho de 1997
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Câmara derruba pedido para cassar Chedid

LUIZA DAMÉ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Câmara rejeitou ontem o pedido de cassação do mandato do deputado Marquinho Chedid (PSD-SP), acusado de ter recebido propina para facilitar os depoimentos de donos de casas de bingo na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que investigava esse setor.
O parecer do deputado Benedito de Lira (PFL-AL), que propôs o arquivamento do processo, foi aprovado por 274 votos favoráveis, 74 contra, 13 abstenções e 7 em branco. O parecer já havia sido aprovado no último dia 28 de janeiro, na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça).
"Se fez justiça", afirmou Chedid no final da sessão, que durou duas horas e 15 minutos. "Eu sempre disse que tudo não passava de perseguição política", completou.
Quando saía do plenário, Chedid chorou ao falar com os filhos. "Foram 19 meses de sofrimento político e familiar. Em vários momentos, os meus filhos nem podiam assistir aulas", disse. "Espero que nenhum deputado passe por esse sofrimento. Eu só resisti porque meus amigos ficaram ao meu lado me dando apoio", disse. Chedid afirmou que é candidato à reeleição. "Tenho um nome e um passado político para zelar", disse. O relator propôs o arquivamento por falta de provas. "Para se punir um deputado é preciso de provas robustas e absolutamente incontestáveis", afirmou.
Enquanto lia seu parecer, Lira teve de pedir -mais de uma vez- para que os deputados prestassem atenção. Uma hora antes do início da votação, os deputados já estavam na fila para votar.
Grampo
O relator disse que as provas foram conseguidas por meio ilícito -grampo telefônico- e os depoimentos à CPI do Bingo eram contraditórios. Em maio de 1995, foi instalada a CPI do Bingo, proposta por Chedid. Paralelamente aos trabalhos da CPI, a Polícia Civil de São Paulo estava investigando as atividades de Ivo Noal e mais oito pessoas, ligadas ao jogo do bicho. Um dos procedimentos adotados pela polícia foi o grampo telefônico.
Em vários telefonemas grampeados, Francisco José Franco Filho, "Quico", ex-assessor do deputado estadual Nabi Chedid (pai de Chedid), aparece como intermediário do deputado federal. Em nome de Chedid, o assessor teria cobrado propina para "aliviar" a situação de donos de casas de bingo nos depoimentos que prestariam à CPI.
Sindicância
A Mesa da Câmara instalou uma comissão de sindicância para apurar a denúncia, em dezembro de 1995. Em abril do ano passado, a comissão concluiu os trabalhos e pede a cassação do mandato de Chedid, mas a CCJ propôs o arquivamento.

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