São Paulo, sexta-feira, 20 de junho de 1997
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FHC defende alianças "até o infinito"

MARTA SALOMON
ENVIADA ESPECIAL A ASSUNÇÃO

O presidente Fernando Henrique Cardoso minimizou ontem os desentendimentos entre os aliados do governo e definiu o modelo de aliança política que mais lhe convém. "Eu quero A mais B mais C mais D, até o infinito, se eu puder."
A declaração de FHC foi dada durante entrevista coletiva na 12ª reunião de cúpula do Mercosul, quando perguntaram ao presidente se preferia o PFL ao PSDB ou vice-versa. "Não há por que escolher entre A ou B. Sou uma pessoa que confia muito no bom senso e acho que o bom senso acabará prevalecendo."
O "bom senso" a que FHC se referiu vale tanto para as votações de projetos polêmicos no Congresso, como a Lei Geral das Telecomunicações, que opôs o PSDB ao PFL, como para a definição dos palanques eleitorais em São Paulo.
As divergências foram classificadas pelo presidente como "pequenas desavenças", que não podem ser transformadas em "grandes problemas".
FHC, apoiado atualmente por cinco partidos políticos (PFL, PMDB, PSDB, PPB e PTB), não esclareceu quem seria o "infinito" na aliança. "O infinito é demais", calculou o economista tucano e ministro do Planejamento, Antonio Kandir, que integrou a comitiva da viagem ao Paraguai.
Durante a passagem por Assunção, FHC ficou irritado com a pergunta sobre que acordo teria fechado com o ex-prefeito Paulo Maluf, durante jantar na última segunda, no Palácio da Alvorada.
"Isso não é pergunta que se faça ao presidente", disse FHC, que já evitara responder com quem seus aliados do PFL deveriam se coligar em São Paulo.
Para outro integrante da comitiva, o pefelista Paulo Bornhausen (SC), o PFL está mais próximo de Maluf que do governador tucano Mário Covas.
O jantar com Maluf foi o pivô da mais recente crise no partido de FHC, que defende a candidatura de Covas à reeleição.
Para o presidente, as repercussões do jantar com Maluf não passam de uma tentativa de intrigá-lo com Covas.
Cabeça de ovo
FHC misturou dois ditados populares para tentar livrar-se dos conflitos entre ele e o PSDB. "Ficam aí buscando pêlo em cabeça de ovo". Os ditados são: "procurar chifre em cabeça de cavalo" e "procurar pêlo em ovo".
O presidente apostou que as insatisfações no PSDB -segundo ele, "um partido que tem sete ou oito ministros, vários governadores e o presidente da República"- não vão se radicalizar.
"Imagina, isso tudo é onda", avaliou. "O PSDB é um partido fiel, firme", insistiu.

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