São Paulo, sexta-feira, 20 de junho de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Presidente pede a Motta que 'pegue leve' com Maluf

PATRICIA ZORZAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar de lideranças tucanas negarem que o presidente Fernando Henrique Cardoso tenha tratado sobre a sucessão estadual paulista em seu encontro com Paulo Maluf (PPB-SP), já há indícios de um tratamento diferenciado do Planalto em relação ao ex-prefeito.
Segundo a Folha apurou, o ministro Sérgio Motta (Comunicações) recebeu orientações expressas de FHC para que não entre em conflito com o líder pepebista.
Motta tem dito em conversas reservadas que o presidente pediu a ele para "pegar leve" com o ex-prefeito paulistano.
Maluf tem sido um dos alvos preferenciais do PSDB e está sendo processado pelo ministro por supostas ofensas morais.
Na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) dos Precatórios, o ex-prefeito é um dos mais criticados pelos tucanos, que insistem em convocá-lo para prestar esclarecimentos sobre as fraudes com títulos públicos durante sua gestão na Prefeitura de São Paulo.
Na reunião de mais de três horas com Maluf, FHC teria feito um acordo de neutralidade para a disputa em São Paulo, que deverá ter o ex-prefeito e o governador Mário Covas (PSDB) como candidatos.
Covas chamou o encontro de "escondido" e disse esperar informações do presidente sobre o teor da conversa.
Outro aspecto da reunião teria sido o eventual apoio do PFL de São Paulo à candidatura pepebista (veja texto à pág. 1-6). Na eleições municipais do ano passado, apesar da aliança nacional com o PSDB, o partido apoiou Celso Pitta (PPB), afilhado político de Maluf.
Tucanos próximos ao presidente apostam que a estratégia de aproximação entre os setores paulistas dos dois partidos vem partindo do ministro de Assuntos Políticos, Luiz Carlos Santos (PMDB), que já teria decidido sua transferência para o PFL.
O ministro, que teve seus poderes reduzidos após a condução de Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA) à liderança do governo na Câmara, também enfrenta problemas em seu partido.
O ex-governador Orestes Quércia (PMDB-SP), um dos grandes opositores do governo FHC, vem dificultando a permanência de Santos na legenda.
Com pouca expressão política no Estado, o apoio do PFL é disputado em função do tempo a que o partido tem direito no horário eleitoral gratuito.
Na opinião dos tucanos, o PFL nacional deverá se manter neutro quanto ao impasse em São Paulo, já que ainda é cedo para uma decisão definitiva a respeito de alianças. O PSDB avalia que hoje a candidatura de Maluf aparenta mais força, mas aposta na recuperação da imagem de Covas até 98.
Motta
Durante o encerramento da 2ª Reunião de Ministros de Tutela do Setor Postal ontem, em São Paulo, o ministro Sérgio Motta negou que o presidente tenha fechado qualquer tipo de acordo com Maluf.
"Conforme previsto, Fernando Henrique teve uma conversa com um líder político. Não há crise em São Paulo. Nosso candidato aqui se chama Mário Covas. O resto é fofoca", afirmou o ministro das Comunicações.

Texto Anterior: Os nobres da corte
Próximo Texto: Relator quer horário eleitoral reduzido
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.