São Paulo, sexta-feira, 20 de junho de 1997 |
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PM da Candelária é inocentado das 8 mortes
SERGIO TORRES
No primeiro julgamento a que foi submetido, no ano passado, Cunha, 29, havia confessado o envolvimento na matança dos oito meninos de rua. Os sete jurados o condenaram a 261 anos de prisão. 2º julgamento Por causa da pena superior a 30 anos, Cunha, que à época da chacina era soldado da Polícia Militar, teve direito a um segundo julgamento. No novo julgamento, iniciado às 13h40 de anteontem e encerrado às 3h30 de ontem, Cunha anunciou a intenção de não responder ao juiz José Geraldo Antônio, do 2º Tribunal do Júri. Disse apenas que era inocente. Coube ao advogado Maurício Neville apresentar a defesa do acusado. Neville manteve a tese do primeiro julgamento: Cunha esteve nos locais onde os menores foram mortos, chegou a atirar acidentalmente em um sobrevivente, mas não matou ninguém. A tese havia sido recusada por 6 votos a 1 no primeiro julgamento, resultando na condenação de 261 anos. Ontem, a mesma tese, antes repudiada, foi acolhida pelos jurados por 5 a 2 (para as duas mortes ocorridas nos jardins do Museu de Arte Moderna) e 4 a 3 (para as seis mortes perto da igreja da Candelária). 'Vou recorrer' Estreante no processo da Candelária, a promotora do 2º Tribunal do Júri Glória Percinoto afirmou que recorrerá ao Tribunal de Justiça contra a decisão do júri popular. "Vou recorrer. A decisão do júri foi contra as provas dos autos, sobretudo a confissão", anunciou a promotora. O recurso da promotoria será analisado pelos desembargadores da 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio. Caso os desembargadores concordem com as alegações do recurso, Cunha será submetido a um terceiro julgamento. 18 anos Apesar de absolvido, Cunha não foi solto, pois cumpre pena de 18 anos de prisão por tentativa de homicídio contra Wagner dos Santos, sobrevivente da chacina. A condenação de Cunha ocorreu no primeiro julgamento. Ele não foi submetido a novo júri pelo crime porque a pena aplicada por tentativa de homicídio foi inferior a 20 anos. O advogado do réu já recorreu ao Tribunal de Justiça contra a condenação. Neville quer que a pena seja reduzida para, no máximo, seis anos. "Ele é primário e réu confesso. Tentativa de homicídio com pena de 18 anos é muita coisa", afirmou Neville. O advogado disse que só estudará a possibilidade de pedir a anulação da condenação caso a promotoria recorra contra o julgamento encerrado ontem. "Se recorrerem, vou apresentar nova tese sobre o tiro acidental e absolvo o Cunha de novo. Aí vou zerar as condenações. É bom o Ministério Público tomar ciência disso", disse o advogado. Próximo Texto: Júri tinha quatro estreantes Índice |
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