São Paulo, sexta-feira, 20 de junho de 1997 |
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Oxigênio pode ter matado 5 em hospital
CLAUDIA VARELLA
Todas as vítimas recebiam oxigênio naquela noite, quando teria ocorrido a falha no sistema. O oxigênio e outros gases medicinais (CO2, protóxido de nitrogênio e ar comprimido) são fornecidos ao hospital pela empresa White Martins. A auxiliar de enfermagem Michele Carvalho da Silva, 23, foi a última vítima. Ela morreu anteontem, às 13h30, dois dias depois de uma cirurgia, considerada de baixo risco. Outros quatro pacientes, todos em estado grave e que recebiam oxigênio naquela noite, morreram entre as 20h10 de segunda-feira e as 4h30 de terça-feira. O diretor-clínico do hospital, Ricardo Seiler, 35, disse não poder fornecer os nomes das quatro vítimas -inclusive um recém-nascido- por questão de ética profissional. Segundo ele, o recém-nascido tinha problemas cardíacos crônicos e já havia sido "desenganado". Ele estava na UTI infantil com tubos de oxigênio. Outro bebê também teve uma piora com o gás recebido, mas melhorou e passa bem. Na UTI de adultos, quatro pessoas recebiam o oxigênio na segunda. Dessas, três morreram. A quarta vítima se recuperou. Além da alegação de não poder fornecer seu nome, o diretor do hospital não autorizou a Agência Folha a entrevistá-la. A Agência Folha apurou que o recém-nascido que morreu é filho de Isabel Souza Silva, que mora em Diadema (cidade vizinha). O bebê nasceu na segunda-feira e morreu na madrugada de terça. Não foi possível localizar a família ontem. "A principal suspeita é de que houve algum problema na rede de fornecimento (de oxigênio). Mas primeiro vamos esperar a perícia para chegar a uma conclusão." Dois peritos do Instituto de Criminalística e quatro técnicos da White Martins estiveram ontem no hospital para a realização de uma perícia. O laudo deverá ser divulgado em 30 dias. Seiler disse que, em uma primeira checagem no equipamento, ainda na noite de segunda-feira, técnicos da White Martins constataram que a válvula do tanque de oxigênio estava travada. Para o diretor da Vigilância Sanitária Regional DIR-2, Wagner Kuroiwa, 50, os pacientes inalaram outro gás ao invés do oxigênio. "Pela descrição dos fatos, está patente que os pacientes inalaram algo que não era o oxigênio." No tanque havia, segundo ele, 100% de oxigênio. "Mas em alguns dos cilindros poderia haver outro gás." Texto Anterior: Vítima iria trabalhar no hospital Próximo Texto: Empresa aguarda laudo Índice |
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