São Paulo, sexta-feira, 20 de junho de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PM acha ossadas de vítimas de pistoleiro

PAULO MOTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

A Polícia Militar do Ceará já encontrou cinco ossadas de vítimas do pistoleiro Damião Fernandes da Silva, 36, que confessou ter matado 11 pessoas nos últimos três anos no Estado.
Silva foi preso no último dia 11, em Juazeiro do Norte (528 km de Fortaleza), acusado de um assalto em Icó (158 km de Juazeiro). Transferido para Icó no dia seguinte, Silva confessou os 11 crimes, sendo que quatro deles foram por pistolagem.
Em depoimento à polícia, Silva disse que cobrava entre R$ 2.000 e R$ 4.000 para "apagar" suas vítimas. Segundo a polícia, ele costumava enterrar as vítimas.
Silva disse que "entrou para o mundo do crime" no período em que morou em São Paulo, entre 1977 e 1987, onde foi motorista. "Fiquei desempregado e o jeito foi assaltar para sobreviver", disse.
Silva disse que em 88 foi morar em Fortaleza, onde montou um bar. Em agosto de 1994, Silva assassinou a tiros o operário Júlio Teixeira Lima, no bairro do Pantanal. "Ele se embriagou e quebrou o meu bar quase todo", disse Silva.
Foi em Fortaleza que Silva diz ter praticado seu primeiro crime de pistolagem. Por R$ 1.500, e a pedido de uma mulher conhecida por Eliete, Silva matou em dezembro de 95 o taxista Francisco de Freitas.
Segundo Silva, Eliete, que não foi encontrada pela polícia, era namorada de Freitas. Silva diz que foi ajudado por sua amante, conhecida por "Zefinha", e usou uma barra de ferro para atacar Freitas.
Segundo a polícia, o assassinato de Freitas teve a cumplicidade da cozinheira Maria Amélia Pereira da Silva, que foi morta a pauladas por Silva em fevereiro de 1996.
O corpo da cozinheira foi encontrado enterrado anteontem numa sala de sua casa, em Aquiraz (26 km ao sul de Fortaleza).
Entre março de 95 e maio passado, Silva diz ter matado, na região de Icó, os fazendeiros Sérgio Ricarti, Cícero Peixoto Júnior e José Gonçalves Júnior. Segundo Silva, os crimes foram encomendados pelos fazendeiros Wilson Bispo e Pedro Nezinho. Os dois estão presos em Icó, mas negam a acusação.
Silva disse que contou com a colaboração de "Zefinha" para matar Ricarti. Em janeiro de 1996, Silva matou "Zefinha" a tiros e depois incinerou seu corpo. "Ela sabia demais e tive que queimar o arquivo", disse Silva.
Francisca Jerônimo dos Santos, uma outra amante de Silva, foi morta pelo pistoleiro em janeiro passado. "Ela também sabia demais." Na mesma cova de Francisca estava sua filha Lídia, 8. "Eu olhei para a menina e disse que não era justo ela ficar sozinha", disse.

Texto Anterior: Caso do PR tem decisão hoje
Próximo Texto: SP realiza amanhã 1ª etapa de vacinação
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.