São Paulo, sexta-feira, 20 de junho de 1997 |
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Filmes brasileiros resistem a Spielberg
JOSÉ GERALDO COUTO Com a estréia de "Um Céu de Estrelas", de Tata Amaral, na semana passada, deu-se um fenômeno que não ocorria há mais de dez anos: seis filmes brasileiros estão em cartaz na cidade, resistentes à invasão dos dinossauros de Steven Spielberg. Seriam sete, se o lançamento de "Buena Sorte", de Tania Lamarca, não tivesse sido adiado. Com isso, o cinema nacional deixa de ser visto como um gênero à parte, quase uma anomalia -o leproso confinado às salas especiais-, e se apresenta como um leque de opções variadas de entretenimento e cultura.Há desde o thriller político ("O Que É Isso, Companheiro?", a melhor bilheteria da safra) até o filme de cangaço ("O Cangaceiro"). Mas o gênero predominante é a comédia, em modalidades diversas: a comédia romântica ("Pequeno Dicionário Amoroso"), a paródia de policial ("Ed Mort"), a sátira de costumes ("O Homem Nu"). "Um Céu de Estrelas", tragédia urbana violenta no tema e na linguagem, vem acrescentar a esse cardápio um empenho ético e estético que talvez estivesse em falta. Para além do número de títulos, a vitalidade e a renovação do cinema brasileiro são visíveis. Se incluirmos "Buena Sorte" (que deve estrear nas próximas semanas), há no lote três cineastas estreantes em longa-metragem. Coincidentemente, são três mulheres: Tata Amaral, Sandra Werneck e Tania Lamarca. Outra constatação relevante é a de que cada um dos filmes procura e acha seu público específico -grande ou pequeno, pouco importa. Supera-se assim a idéia obsoleta de que existe um "grande público" (ou "o mercado") a ser conquistado num único golpe -e, portanto, uma fórmula de cinema que agrade a todos os gostos. Os seis brasileiros em cartaz mostram o contrário. Viva a diferença. Texto Anterior: O Melhor da Semana Próximo Texto: "Dinos" retornam e abocanham milhões Índice |
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