São Paulo, sábado, 21 de junho de 1997
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Estatal teve prejuízo de US$ 4,6 mi

RUBENS VALENTE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE

A Enersul (Empresa Energética de Mato Grosso do Sul) perdeu pelo menos US$ 4,6 milhões com a emissão de debêntures e venda de ações em setembro de 93, segundo auditoria interna da empresa.
O valor, conforme relatório a que a Agência Folha teve acesso, corresponde à desvalorização da moeda provocada pela diferença de sete e oito dias entre a subscrição e a efetiva entrada de US$ 60,4 milhões no caixa da empresa.
Almir Rockembach, responsável pela política estratégica da Enersul, disse que o dinheiro "ficou rendendo para alguém".
O preço da subscrição das debêntures, ainda segundo o levantamento, assinado pelos auditores Carlos Augusto Thury e Virgílio Rabacov, deveria ter sido pago "à vista, no ato da subscrição", como previsto no item 13 da escritura registrada na CVM (Comissão de Valores Mobiliários) do Rio.
O ex-ministro de Minas e Energia do governo Itamar e presidente do Conselho de Administração da Enersul, Delcídio Amaral Gomes, denunciou à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Assembléia que apura a privatização da empresa que ela emprestou R$ 44,8 milhões ao Estado, dos R$ 60,4 milhões captados no mercado em setembro e outubro de 93.
Ao fazer o empréstimo, segundo Gomes, a Enersul descumpriu o plano de aplicação de obras, objetivo formal das operações. A CVM está investigando as operações.
Segundo a Enersul, os empréstimos "foram o fator detonador do processo de privatização da empresa" porque teriam "zerado a possibilidade de investimentos".
A privatização da Enersul até dezembro deste ano é uma exigência prevista no contrato firmado em janeiro de 96 entre o Estado, a Caixa Econômica Federal e o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
O contrato permitiu que a União liberasse R$ 52 milhões para o governo estadual.
Outro lado
Os presidentes da Enersul à época da emissão de debêntures, Waldemar Justus Horn e Renato Katayama, divulgaram nota afirmando que seguiram "o modelo" da Eletrobrás ao não exigir dos bancos intermediadores da operação "repasse imediato do dinheiro (US$ 60,4 milhões) ao caixa".
Eles afirmam que os balanços da empresa de 93 e 94 foram auditados pela Arthur Andersen "e não sofreram quaisquer restrições".
Horn e Katayama devem depor na próxima quarta na CPI da Assembléia junto com o então diretor da Enersul Paulo César de Arruda Cangussu, que disse que as operações não causaram prejuízo.

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