São Paulo, domingo, 22 de junho de 1997
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O crescimento dos Estados brasileiros

ÁLVARO ANTÔNIO ZINI JR.

O crescimento do PIB dos Estados brasileiros vem apresentando um dinamismo interessante e indica alguns deslocamentos das atividades econômicas importantes de serem registrados.
A distribuição do PIB brasileiro em 1995 mostra que o Sudeste produziu 57,2% do total; o Sul, 17,4%; o Nordeste, 13,7%; o Centro-Oeste, 6,9%; e o Norte 4,9%. Os dados da tabela acima são baseados no PIB dos Estados calculados pelo Ipea a custo de fatores. Isto é, a renda com a intermediação financeira não está incluída porque distorce a comparação da evolução do PIB real de cada Estado.
O crescimento do PIB per capita ao ano entre 1992 e 1995 reflete a recuperação da economia após o período recessivo de 1990/92 e indica que a maioria dos Estados vem tendo um desempenho aceitável.
Na região Norte, os Estados de maior crescimento no período recente são o Acre e o Amapá, mas a estatística está distorcida porque a base de comparação é baixa, pois os dois Estados foram duramente atingidos pela crise de 1990/92. O Amazonas, por sua vez, vem tendo um crescimento abaixo da média devido ao relativo esgotamento da Zona Franca de Manaus.
No Nordeste, o Piauí aparece com uma alta taxa de crescimento, mas isso se deve ao fato de ter uma base de comparação deprimida em 1992. Os três Estados que mais se destacam são Maranhão, Rio Grande do Norte e Ceará.
As duas regiões de maior crescimento têm sido o Sul e o Centro-Oeste. Na região Sul, o Paraná apresenta fortes taxas de crescimento no PIB per capita, processo que deve continuar nos próximos anos em função dos investimentos industriais já anunciados para lá. Há uma competição em curso com o Rio Grande do Sul, que também vem crescendo bem, para saber qual dos dois Estados terá o maior produto regional daqui a 5 ou 10 anos.
O bom desempenho da região Sul deve-se a diversos fatores, como a recuperação da atividade industrial e da agrícola. Mas o estímulo propiciado pelo Mercosul é um fator forte que continuará a adicionar dinamismo ao crescimento da região.
No Centro-Oeste o crescimento é puxado pelo crescimento do Distrito Federal (fortemente influenciado pelos ganhos de renda do funcionalismo federal) e a expansão da fronteira agrícola nos cerrados de Goiás e Mato Grosso do Sul.
Observa-se, assim, que há um processo de desconcentração espacial da atividade econômica em direção ao Sul e ao Centro-Oeste. O Sudeste, mesmo assim, vem mantendo seu crescimento. Em São Paulo, a expansão centra-se na melhor utilização de seus recursos humanos e de sua infra-estrutura.
O mapa econômico do Brasil, portanto, está se alterando, embora lentamente. Oxalá pudéssemos ter taxas de crescimento maiores para dinamizar mais todas as regiões do país, mas isso, por enquanto, está travado pelas variáveis macroeconômicas.

Álvaro A. Zini Jr., 44, é professor titular da Faculdade de Economia e Administração da USP.

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