São Paulo, terça-feira, 24 de junho de 1997
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Políticos deixam empresários apreensivos

CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL

A exposição de parlamentares sobre as dificuldades para a aprovação de reformas constitucionais no Congresso deixou apreensivos os empresários que participaram ontem do "Fórum das Reformas", promovido pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
"Foi uma ducha de água fria", afirmou o empresário Antonio Ermírio de Moraes, do grupo Votorantim, no final do evento.
O objetivo do fórum é mobilizar os empresários em defesa das reformas e pressionar o Congresso para aprová-las.
O presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), o deputado Delfim Netto (PPB-SP) e o senador José Serra (PSDB-SP) apresentaram cenários pessimistas em relação à aprovação das reformas nesta legislatura.
"É possível ainda, com esforço excepcional, aprovar algo na área administrativa e previdenciária", afirmou Serra. Em sua exposição, ele defendeu a convocação de um Congresso revisor em 1999, tese rejeitada pela Fiesp.
Temer deixou claro que vê dificuldades ao defender uma "constituinte condicionada" para 1999, que teria limites em sua atuação. Delfim atribuiu o atraso na aprovação das propostas à ausência de uma reforma política (ver texto nesta página).
O empresário Jorge Gerdau classificou de "preocupante" a análise feita pelos parlamentares. "Eles mostraram a complexidade do cenário", disse. "Não foi entusiasmante a conclusão, mas acho que a gente caminha assim", observou Paulo Cunha, do grupo Ultra.
Otimismo
Entre os políticos, a exceção foi o presidente do Congresso, senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA). Ele afirmou que é possível aprovar pontos importantes neste ano e, não por acaso, foi o mais aplaudido pelos empresários que lotaram o auditório onde o evento foi realizado, na Fiesp.
ACM defendeu o enxugamento das propostas que estão no Congresso a "quatro ou cinco pontos que são os necessários" e atacou a proposta de Congresso revisor.
"Não concordo quando se fala em Congresso revisor. E quando se fala com maior intensidade, mata-se o esforço que estamos fazendo agora", afirmou, sob aplausos.
Também foi aplaudido quando, com um murro na mesa, defendeu a reforma do Judiciário. ACM elogiou o STF (Supremo Tribunal Federal), mas afirmou que outros tribunais brasileiros apresentam problemas como o nepotismo.
Painéis
O fórum foi dividido em três painéis: de economistas, de empresários e de parlamentares. Todos os participantes, sem exceção, apoiaram a realização das reformas.
Os economistas foram dramáticos ao defender a necessidade de aprovação das emendas constitucionais. "A estabilização econômica ficou sem ajustes, que dependem das reformas", afirmou Paulo Rabello de Castro.
Eduardo Gianetti da Fonseca disse que o preço da não aprovação das emendas será o baixo crescimento econômico, a continuidade da exclusão social e o aumento da informalidade.
Gianetti também apresentou um cenário pessimista: "Não identifico espaços para grandes reformas até o final do governo Fernando Henrique Cardoso".
Jorge Gerdau, no painel dos empresários, recebeu a maior quantidade de aplausos depois de ACM. "Queremos isonomia competitiva e não privilégios."
A conclusão do encontro foi que os empresários precisam aumentar a pressão em favor das reformas. "Vamos ter de nos mudar para Brasília e bater duro", disse Antonio Ermírio.

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