São Paulo, terça-feira, 24 de junho de 1997 |
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Cresce número de mortes em conflitos rurais, diz Pastoral Houve 54 mortos em 1996, contra 41 em 1995 ABNOR GONDIM
Segundo a CPT, 54 trabalhadores rurais foram assassinados em 96 por disputa de terra, número semelhante ao registrado em 91 (governo Collor). Em 92, foram contabilizados 47 casos. No ano seguinte, foram 52 casos e, em 94, 47. Em 95, quando começou o governo Fernando Henrique Cardoso, foram registrados 41 mortes, o menor número da década. Segundo o secretário-executivo da CPT, Íris Conti, a tensão no campo e as invasões aumentaram por causa do empobrecimento da zona rural e a elevação do índice de desemprego entre os trabalhadores rurais. "Os números apontam o aumento da violência e o aumento da demanda por terra. O desemprego aumentou na zona rural, principalmente no Nordeste, com o fechamento de usinas de açúcar, e tem levado os ex-assalariados a ocupar terra", disse Conti. O relatório da CPT será lançado em Brasília no próximo dia 4, na sede da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil). A CPT já levantou este ano 17 assassinatos. O mais recente ocorreu no dia 19 de junho em Marabá (leste do Pará), onde o sindicalista Raimundo Ferreira de Melo, que estava cadastrando famílias sem terra na região, foi morto em sua casa por dois pistoleiros. O ministro Raul Jungmann (Política Fundiária) deve visitar Marabá no próximo dia 27. Ele vai verificar novos assentamentos na região, como o projeto 17 de Abril, onde foram assentados os sobreviventes do massacre de 19 sem-terra em Eldorado do Carajás, praticado pela Polícia Militar em 1996. Impunidade Nesse período, segundo os relatórios da entidade, foram mortos 976 trabalhadores rurais, padres e advogados, e apenas 7 mandantes dos crimes foram julgados e condenados em 56 julgamentos. Onze anos após o assassinato do padre Josimo Tavares, serão julgados no dia 27, em Imperatriz (sul do Maranhão) três fazendeiros de Tocantins, acusados de mandantes do crime -Guiomar Teodoro da Silva, Adailton Gomes Vieira e Geraldo Paulo Vieira. Outros supostos mandantes do crime permanecem foragidos. "Esse caso mostra a demora para julgar mandantes dos crimes no campo" disse o secretário da CPT. Texto Anterior: Crianças trocam o garimpo pela escola Próximo Texto: Maranhão julga fazendeiros em caso 'contraponto' ao de Rainha Índice |
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