São Paulo, terça-feira, 24 de junho de 1997 |
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Filme húngaro vence Festival de Marselha "Free Fall" ganhou no sábado AMIR LABAKI
Dezesseis títulos concorreram ao Grande Prêmio Vue Sur Les Docs de 1997. A larga maioria européia (13 em 16) foi explicada pelo comitê como reflexo da proporção dentre os inscritos. A América Latina e a Ásia foram citadas como as principais regiões pouco presentes. Os concorrentes formaram quatro grandes grupos: História e Memória, Retratos, Militância e Docu-poemas. Por certo, o primeiro foi o mais marcante. A tendência predominante foi a de filmes que pesquisam o impacto dos eventos históricos sobre a vida privada. O vencedor do ano, "Free Fall", é um exemplo que nasce clássico. Trata-se do décimo episódio de uma série dedicada por Forgàcs a reavaliar o papel dos cineastas amadores. O ponto de partida é uma belíssima coleção de registros domésticos (anos 30 e 40) de uma família judaica húngara. Um brilhante trabalho de montagem e comentário do material o transforma numa espécie de palimpsesto que nos permite acompanhar a evolução do anti-semitismo na Hungria, das leis crescentemente isolacionistas da era Horthy à "solução final" do pós-1944. Trabalhando em vídeo, Forgàcs reelabora o extraordinário material sem ferir sua integridade. Imagens cinematográficas do passado são também o ponto de partida da nova obra de Patricio Guzmán, "Chile, Memória Obstinada", vencedor do prêmio do público. Guzmán volta a Santiago depois de 23 anos de exílio, para o qual foi forçado pela derrubada do governo socialista de Salvador Allende e ascensão da ditadura Pinochet. Seu filme é o vídeo-diário desse reencontro. O filme cede, porém, ao sentimentalismo, com uma sucessão de reencontros emocionados com colegas da época e, sobretudo, com o registro de jovens estudantes levados às lágrimas por uma sessão do clássico de Guzmán sobre o período Allende, "A Batalha do Chile" (1973-79). O balanço íntimo de outra vitória do autoritarismo está em "La Nuit Venue" (A Noite Vinda), de William Guérin. O foco aqui se fecha sobre a repressão soviética da revolução anticomunista de outubro de 1956 na Hungria. Assim como em "Free Fall", a história imprime suas impressões digitais na formação da família Alston em "Family Name" (Nome de Família). Premiado no Sundance, o filme é uma divertida pesquisa da árvore genealógica do jovem diretor, Macky Alston, decidido a provar os laços entre a burguesia Alston branca e os escravos negros americanos. O crítico Amir Labaki viajou a Marselha como membro do júri internacional. Texto Anterior: Luana Piovani e Guanaes estão no UOL Próximo Texto: Não podemos atacar hipopótamos com rosas Índice |
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