São Paulo, terça-feira, 24 de junho de 1997 |
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CDs ressuscitam som pré-64
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
Discos como "Sertão e Mar", de Vidal França e Mazé, ressuscitam repertório do tipo moda de viola (o CD de Adauto Santos) ou "O Sertão Vai Virar Mar", da trilha sonora do filme "Deus e o Diabo na Terra do Sol" (64), de Glauber Rocha, que nada tem em comum com os 90. É o avesso das caravanas modernizadoras da tropicália ou (para falar em anos 90) do mangue beat recifense. A defesa da cultura nacional pura parece anacrônica no auge da globalização. A brecha se abre no disco do instrumentista Caito Marcondes. O repertório ainda se cola ao momento do protesto -há "Ponteio" (Edu Lobo-Capinan) e "Upa Neguinho" (Edu Lobo-Guarnieri)-, mas a execução se baseia no confronto e no diálogo entre o arcaico e o moderno. Caito serve-se de músicos contemporâneos -do Turtle Island String Quartet, dos EUA- para tocar temas inspirados no folclore, construindo um disco antes do mundo que do Brasil. Anacronismo Tal não acontece nos demais lançamentos. O selo CPC se impõe, até o momento, como ilha anacrônica no oceano pós-moderno dos anos 90. Lá, é como se o tempo não houvesse passado e a viola fosse vencer o satanismo da guitarra elétrica, à custa de muita e muita força de vontade. Parece esquisito, muito esquisito. Mas, por outra, só mesmo a era da globalização daria vez, em plena virada de século, à tribo marginalizada dos crentes na pureza cultural de um país como o Brasil. Hoje, vê-se que tudo é possível. Até a renascença do CPC. (PAS) Onde encontrar: A Umes distribui CDs em locais como livraria Belas Artes (tel. 011/256-8316), Edusp (tel. 011/818-4149) e livraria da Vila (tel. 011/814-5811) Texto Anterior: UNE e Umes trocam farpas Próximo Texto: As realizações dos dois CPCs Índice |
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