São Paulo, sexta-feira, 27 de junho de 1997
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Líder do PMDB diz que presidente vai 'interferir'

CARLOS ALBERTO DE SOUZA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FLORIANÓPOLIS (SC)

O líder do PMDB no Senado, Jader Barbalho, afirmou que o presidente Fernando Henrique Cardoso prometeu "interferir" no processo de impeachment que ameaça o governador de Santa Catarina, Paulo Afonso Vieira (PMDB).
Barbalho discursou em um ato público pró-Vieira realizado ontem em Florianópolis (SC).
O porta-voz da Presidência, porém, negou o envolvimento de FHC no caso (leia texto ao lado).
Barbalho disse que FHC "garantiu" que iria "interferir". O líder peemedebista disse ao presidente que, se Vieira for afastado, estará "aberto um sério precedente nas relações políticas, com todas as consequências".
O presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), também presente ao ato, declarou que FHC disse a ele que "tomaria providências" em relação ao fato.
O líder do PMDB na Câmara, Geddel Vieira Lima (BA), outro orador, ameaçou com o rompimento do PMDB, caso deputados estaduais, de partidos aliados dos peemedebistas no plano federal, como o PSDB e o PFL, "apunhalem pelas costas" o governador.
"Já disse a Fernando Henrique e a lideranças do PSDB e do PFL que o PMDB tem sustentado o Plano Real, a estabilidade econômica, mas, em momento algum, vai deixar Paulo Afonso ser apunhalado pelas costas", disse Lima.
Barbalho e Temer disseram ter conversado com o presidente do Congresso, senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), sobre a situação de Santa Catarina.
O presidente do PMDB, Paes de Andrade (CE), afirmou que o partido "não vai se acachar (esconder)" diante do "golpe daqueles que querem o poder pela força".
Andrade disse que o processo de impeachment "está maculado pelo casuísmo e pela indecência".
O ato, em frente ao Palácio Santa Catarina, contou com cerca de 800 pessoas, segundo a PM. Na segunda-feira, quando o impeachment será julgado, o governo espera reunir até 50 mil pessoas na área onde fica a Assembléia e o palácio.
Barbalho disse que a ação contra Vieira "não é um problema do PMDB de Santa Catarina, é um problema do PMDB do Brasil".
Temer disse não ter vindo a Florianópolis para defender o governador, que não precisaria de defesa. "Viemos combater aqueles que querem pisotear a Constituição e desprezar o governo aplaudido pela população catarinense."
O presidente da Câmara afirmou ter recebido informações de que, na segunda-feira, 1.500 ônibus chegarão a Florianópolis com manifestantes pró-Vieira.
Segundo Temer, está se formando um "cinturão cívico" em torno do governador.
Temer contou que disse a FHC que uma eventual destituição do governador "teria repercussões negativas no plano nacional".
Vieira, ao lado da mulher, Eliane, que pintou o rosto de verde e amarelo, agradeceu o apoio dos líderes nacionais, dizendo ter se "criado" dentro do partido.
Ele disse que seu governo, eleito com 1,288 milhão de votos, tem a marca municipalista e que em Santa Catarina não há uma criança fora da escola por falta de vaga.
Vieira tem dito estar sendo vítima de um "golpe", cujos principais articuladores seriam os senadores Vilson Kleinubing (PFL-SC) e Esperidião Amin (PPB-SC).

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