São Paulo, sexta-feira, 27 de junho de 1997
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"Algo em Comum" enfrenta a Aids

NELSON DE SÁ

É um drama, mas um bom drama. Harvey Fierstein, o autor de "Algo em Comum", é um dramaturgo americano que escreve sobre temas contemporâneos, como a Aids, mas ainda sob a marca de um gênero predominante e glorificado em décadas anteriores, quando ele começou a escrever.
Não é de "Angels in America" que se trata, menos ainda de "Shopping and Fucking", para mencionar textos recentes, também anglo-americanos, em que os mesmos temas são abordados com uma crueza e uma ironia maiores.
"Algo em Comum", se exagera nas lágrimas do drama familiar, não deixa de ser competente na exposição dos conflitos individuais de homens e mulheres, diante da Aids.
Júlia (a tensa, mas emocionante, Clarisse Abujamra) é ex-mulher de Carlos, o qual acaba de morrer, amparado em seus últimos anos por Artur (o atirado, convulso Petrônio Gontijo).
Os dois sobreviventes se encontram para decidir sobre os bens deixados, resultando em diálogos que revelam o drama de cada um, resultante do amor de ambos por Carlos.
Márcio Aurélio dirige com siplicidade e suavidade esta peça que ele mesmo define como "de utilidade pública", certamente pelo tema.
Evita o quanto pode -em cenografia, interpretação- os excessos melodramáticos, com a exceção da trilha musical. Recorrer a "Send in the Clowns", a mais bela e mais comovente das criações de Stephen Sondheim, é golpe certeiro, mas ainda um golpe.

ALGO EM COMUM. Texto: Harvey Fierstein. Direção: Márcio Aurélio. Com Clarisse Abujamra e Petrônio Gontijo. Maria Della Costa (r. Paim, 72, Consolação, região central, tel. 256-9115). 370 lugares. Qui. a sáb.: 21h. Dom.: 19h. Até final de julho. 80 min. 12 anos. Ingr.: R$ 20 (qui., sex. e dom.) e R$ 25 (sáb.). Estac. (R$ 5).

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