São Paulo, sábado, 28 de junho de 1997
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Exposição fará aumentar popularidade, afirma FHC

ELIANE CANTANHÊDE
DIRETORA DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso considera que sua popularidade se mantém estável, apesar da queda de 42% para 39% registrada pela última pesquisa nacional Datafolha, publicada ontem.
Na opinião do presidente, o importante é que esses índices se mantêm dentro da média apurada desde o início do governo.
Além disso, frisa que a variação da última para a nova pesquisa está dentro da margem de erro (de 2% para cima ou para baixo, nos dois casos).
Um dado relevante da pesquisa Datafolha é que, pela primeira vez, a parcela que considera o governo apenas regular (42%) ultrapassou a que o acha bom ou ótimo (39%).
As últimas pesquisas da empresa MCI, feitas para o Palácio do Planalto, com mil pessoas, por telefone, também apuraram que a maioria acha o governo regular.
No dia 25 de junho, a MCI chegou aos seguintes resultados: 41% de ótimo e bom, 46% de regular e 13% de ruim e péssimo. A pesquisa anterior do mesmo instituto, foi no dia 5 de junho. Resultado: 37% de ótimo e bom, 49% de regular e 14% de ruim e péssimo.
O presidente se diz convencido de que três fatores interferiram negativamente nos índices do mês passado: a venda da Companhia Vale do Rio Doce -"que foi mal-explicada pelo governo"-, o aumento do salário mínimo e a marcha dos sem-terra até Brasília.
"Agora, as coisas voltam a entrar nos eixos", diz ele, que vem dando sucessivas entrevistas e estimulando ministros e assessores a divulgarem melhor os programas de governo que ele julga positivos.
Numa conversa informal, perguntaram ao presidente: "O sr. se acha melhor do que o seu governo?" Ele respondeu, rindo: "É o que as pesquisas dizem".
Sucessão
Apesar das críticas do PSDB contra suas recentes conversas com o ex-presidente Itamar Franco (sem partido) e o ex-prefeito Paulo Maluf (PPB), o presidente diz que "política se faz conversando" e garante que não fez acordos.
"O Ulysses já dizia que você tem que colar é no adversário. Aliado já é aliado", justifica Fernando Henrique em relação a Maluf, dizendo-se certo da compreensão do governador Mário Covas (SP), provável candidato à reeleição.
"O Mário é político, ele sabe das coisas", diz o presidente, que tem uma fórmula para favorecer a vitória do PSDB nas eleições do próximo ano: "Grudar no meu governo. Se o governo estiver bom, o partido ganha."
Quanto a Itamar, Fernando Henrique deixa claro para diferentes interlocutores que não gostaria de concorrer contra ele no ano que vem. "Nós somos amigos fraternais, mas campanha é sempre aquela coisa. A equipe acaba brigando, fica tudo envenenado", justificou.
Apesar de elogiar o prefeito do Rio de Janeiro, Luiz Paulo Conde, ele diz que não vai interferir na eleição do Estado. "O melhor é que o PSDB do Marcello Alencar (governador) se entenda com o PFL do César Maia (ex-prefeito e virtual candidato a governador). Mas isso é lá com eles."
Congresso
Uma coisa já está certa: até o final do ano, Fernando Henrique espera prorrogar a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) por mais onze meses. Desta vez, será mais fácil. Basta a maioria simples dos votos do Congresso, não mais três quintos.
O governo já concluiu que deve tentar aprovar tudo o que for possível no Congresso até setembro, no mais tardar outubro. Depois, começa o ritmo de eleição e a tendência é os parlamentares se dedicarem mais a seus Estados.
O presidente avisa que cada ministro deve decidir por sua conta se vai voltar ou não ao Congresso para se candidatar a uma vaga na Câmara ou no Senado. Ele não vai se meter.
Quanto ao retorno do senador José Serra (PSDB-SP) ao governo, Fernando Henrique não se compromete: "Ele volta quando quiser", diz. "Eu sempre digo que ele deve seguir a carreira política e deixar de querer ser economista, porque a economia não vai mais eleger ninguém. Ministro dessa área não se elege nem deputado", tem dito em conversas informais.
Suframa
O presidente confirma que o superintendente da Suframa, Mauro Costa, será substituído. Seus assessores acrescentam que Costa fora nomeado por ser um técnico, com orientação de não se envolver em política.
Numa recente viagem a Manaus, porém, Fernando Henrique surpreendeu-se quando o superintendente foi visitá-lo na companhia do secretário-geral do PSDB, deputado Arthur Virgílio Neto (AM). Os dois, inclusive, tiraram fotos juntos.
Conforme reclamou o presidente informalmente, Costa não poderia se envolver com o governador Amazonino Mendes (PFL), mas também não poderia cair no outro lado, de seus adversários locais. É o caso de Virgílio.
Crises estaduais
O estopim das manifestações da PM de Minas Gerais, na opinião do Palácio do Planalto, foi a concessão de aumentos salariais exclusivamente para a cúpula da organização, excluindo a tropa. Não há uma avaliação definitiva, ainda, sobre o efeito da crise na popularidade do governador tucano Eduardo Azeredo.
Fernando Henrique também evita posições definidas no caso de Santa Catarina, onde o governador Paulo Afonso Vieira está ameaçado de impeachment por envolvimento no escândalo dos precatórios. Diz que recebeu senadores do PFL para discutir o assunto, mas que não tem conclusão. Acha, apenas, que Paulo Afonso ainda tem chances de salvar o mandato. O governo federal, frisa, tem pouco a fazer nesse caso.

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