São Paulo, domingo, 29 de junho de 1997 |
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Brasil em Ação é novo palanque de FHC
MARTA SALOMON
Pelo menos sete inaugurações de obras estão previstas nos 15 meses que faltam para a próxima eleição presidencial. Com mais de 16 mil km de rodovias, 4.500 km de hidrovias, 500 km de ferrovias e quatro portos, as obras na área de transportes dominam a terça parte do plano, com 14 projetos e investimentos de R$ 4,6 bilhões. São essas obras que dão suporte a 12 eixos de desenvolvimento do país desenhados por FHC ainda na época da campanha eleitoral de 94 para baixar custos de produção e integrar o Brasil à economia internacional. Tiram do papel uma idéia antiga do ex-secretário de Assuntos Estratégicos do governo Collor Eliezer Batista. A imagem de um canteiro de obras no país "é real", atesta o engenheiro metalúrgico e secretário do Ministério do Planejamento José Silveira, nomeado "gerente" do Brasil em Ação. Melhora "Houve uma melhora sensível no mercado e dá para prever um 'boom' parecido com o dos anos 70", anima-se o presidente da Abdib (Associação Brasileira de Infra-estrutura e Indústrias de Base), José Augusto Marques, um dos interlocutores do governo na escolha das obras consideradas prioritárias. Os grandes negócios do Brasil em Ação não se limitam à área de transportes. Em volume de investimentos, é a área de telecomunicações, comandada pelo ministro Sérgio Motta, que bate o recorde. Os investimentos previstos ultrapassam R$ 16 bilhões -boa parte deles à espera da lei que definirá regras para a privatização das empresas de telefonia e a licitação da banda B de telefonia celular para deslanchar. Visibilidade Entre as inaugurações de obras do Brasil em Ação que prometem movimentar a agenda pré-eleitoral de FHC, estão a última das seis turbinas da hidrelétrica de Xingó, a navegação noturna na hidrovia do São Francisco e a eclusa de Jupiá, na hidrovia Tietê-Paraná. O cronograma do Brasil em Ação aponta outras dez grandes obras que deverão ser concluídas até o final do mandato de FHC. "Tudo o que a gente faz bem são demonstrações de que o PSDB está trabalhando bem", avalia o ministro tucano do Planejamento, Antonio Kandir, sobre os dividendos políticos que o Brasil em Ação deverá render. Além da coordenação do projeto, o Ministério do Planejamento passará a controlar a publicidade oficial do Brasil em Ação. Segundo o secretário de Comunicação e porta-voz de FHC, Sérgio Amaral, serão gastos entre R$ 7 milhões a R$ 8 milhões na divulgação do projeto até o final do ano. O dinheiro equivale a 6% da verba de publicidade de toda a administração pública direta durante o ano. Marqueteiros Já por proposta dos marqueteiros, a bandeirinha do Brasil em Ação substituiu o tradicional brasão da República como marca oficial do governo. "É o reflexo do governo em movimento", afirma Amaral. Na reta final do mandato de FHC, a "visibilidade" dos projetos tornou-se palavra de ordem. "Uma das preocupações do presidente quando me convidou para o ministério foi dar visibilidade às obras", contou Eliseu Padilha (Transportes), que promete percorrer o país. O aumento dos investimentos públicos na área de transportes foi detectado por uma pesquisa no Siafi (sistema informatizado da contabilidade da União). Entre o primeiro e o segundo ano de mandato de FHC, os investimentos em estradas cresceram 40%. Outro salto semelhante está previsto para 97. Fenômeno Apesar do fenômeno, não são só elogios o que se ouve dos empreiteiros sobre o governo. Empossado na semana passada, o novo presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção, Luiz Roberto Ponte, reclama do atraso na liberação de dinheiro para as obras. "O governo contrata, manda fazer e depois não paga para os comuns dos mortais. Aí vem um burocrata e pede comissão para liberar", disse Ponte, sem citar nomes de obras ou empresas. Apesar da queixa, o empreiteiro, deputado e ex-ministro disse que os colegas querem ver FHC reeleito, "por causa da coincidência de princípios". O "gerente" do Brasil em Ação, José Silveira, disse desconhecer qualquer problema de atraso nos pagamentos ou cobrança de comissões. Seu chefe, Antonio Kandir, disse que a responsabilidade por "algum rolo" nos projetos é do ministro da área. Kandir se referia às declarações de Ponte e às denúncias de favorecimento da empreiteira do governador do Acre, Orleir Cameli, nas obras de recuperação da BR-364, incluída no Brasil em Ação. Defensor da liberação de recursos para a obra, Cameli está envolvido no escândalo da compra de votos em favor da reeleição. LEIA MAIS sobre Brasil em Ação às págs. 1-18 a 1-20 Texto Anterior: Lula critica FHC em encontro do PT Próximo Texto: Governo tenta 'descongestionar' Sudeste Índice |
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