São Paulo, domingo, 29 de junho de 1997 |
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Cirurgia antiobesidade grampeia estômago
JAIRO BOUER
Na tentativa de habilitar mais cirurgiões para esse tipo de operação, a cirurgia é um dos temas do Gastrão -congresso anual de gastroenterologia do HC-, que começa hoje no Centro de Convenções Rebouças. No evento, uma cirurgia para obesidade mórbida feita em "tempo real" será transmitida ao vivo. A operação consiste em "grampear" o estômago para reduzir sua capacidade e conectá-lo diretamente ao jejuno -porção intermediária do intestino. O estômago -que normalmente recebe até 1,5 litro de alimentos por refeição- passa a ter espaço para 20 ou 30 ml (cerca de 2% da capacidade original). A ligação direta com o jejuno faz o alimento "pular" cerca de um metro de intestino -tornando a absorção dos nutrientes muito menos eficiente. O custo da cirurgia, no sistema privado de saúde, chega a R$ 5 mil. No sistema público, o HC é o único hospital no Brasil que reserva um leito regularmente para a cirurgia de obesidade mórbida. Esse leito atende à demanda de apenas um paciente por semana. A lista de espera chega a dois anos. Arthur Garrido Júnior, cirurgião do departamento de gastroenterologia do Hospital das Clínicas da USP, explica que a nova técnica, que vem sendo consolidada nos últimos três anos, consegue fazer o "superobeso " perder cerca de um terço do seu peso original. O obeso mórbido que acaba fazendo a cirurgia é aquele que não consegue emagrecer depois de passar anos usando recursos habituais como dieta, aumento gradual de atividades físicas e uso de medicamentos que regulam o apetite. Alfredo Halpern, endocrinologista do HC-USP, diz que esse tipo de cirurgia é o recurso mais eficiente hoje para o tratamento da obesidade mórbida. Segundo Halpern, o desconforto psíquico e social enfrentado por esses obesos é muito grande. Além disso, existe o risco de problemas graves para a saúde e a maior chance de morte precoce. A obesidade mórbida aumenta a incidência de problemas cardíacos e circulatórios, hipertensão, diabetes, desgaste de articulações, roncos, varizes e hérnias. Não é uma cirurgia fácil. Ela é de grande porte e demora, em média, três horas. A mortalidade fica em torno de 1%. No primeiro mês, a pessoa só pode tomar caldo de sopa. Depois, a nova capacidade do estômago exige a ingestão de pequenas quantidades de alimentos, várias vezes ao dia. As refeições tem que ser feitas lentamente. Pouco alimento distende o estômago e provoca sensação de saciedade imediata. É importante que a pessoa esteja em condições psicológicas de se adaptar a uma nova realidade, em que comer deixa de ser a principal atividade de sua vida. Texto Anterior: Meta de comitê é avaliação global Próximo Texto: Unifesp abre inscrições para pós-graduação; Refeição com peixe pode ajudar diabéticos; Cardiologia de SP tem novo presidente; Estudo analisa ação de gene contra tumor; Chuveiro elétrico no HC acaba com doença; Mal de Alzheimer tem teste de laboratório; Medir pressão do olho pode revelar glaucoma Índice |
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