São Paulo, segunda-feira, 30 de junho de 1997
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PFL pode manter governador no cargo

LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FLORIANÓPOLIS

A concessão de liminar pelo Tribunal de Justiça excluindo o vice-governador José Augusto Hulse (PMDB) do processo de impeachment pode levar o PFL a deixar de fechar questão favoravelmente ao afastamento do governador catarinense Paulo Afonso Vieira (PMDB), liberando o voto dos seus deputados.
O PMDB trabalha com essa opção alternativa para livrar o governador catarinense. Antes de se iniciar a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) na Assembléia Legislativa catarinense, Vieira era considerado um político que mantinha diálogo mais aberto com os pefelistas do que Hulse.
O vice-governador é tido como um "peemedebista histórico", que tem uma atuação intransigente em relação ao PFL. Como a intenção dos pefelistas é afastar do governo o PMDB, e não apenas Vieira, a alternativa é considerada pelos peemedebistas como uma boa opção circunstancial.
Assessores pefelistas disseram ontem para a Agência Folha que, se o Tribunal de Justiça conceder a liminar antes de começar a votação, o PFL terá condições de se reunir em meio à sessão e tornar inócua a diretriz partidária favorável à abertura do processo impeachment de Vieira e de Hulse.
Isso ocorreria porque a determinação pefelista, tomada em reunião na última sexta-feira, teria validade apenas se a votação abrangesse os dois políticos.
Hulse entrou isoladamente com o mandado de segurança acompanhado de pedido de liminar, a fim de ser excluído do processo de impeachment do governador.
A alegação dos advogados Aristides Junqueira e Renato Vianna foi de que "não há tipificação criminal" para incluir o vice-governador no processo.
Segundo Vianna, mesmo que a Assembléia Legislativa opte por votar o impeachment, a concessão de uma liminar "tem o poder de desfazer o ato".
Se for concedida liminar antes da votação, de acordo com Vianna, o nome do vice-governador nem será incluído na apreciação.
"O vice não pode ser acusado. Não há lei que preveja crime de responsabilidade no caso dele", afirmou o advogado.
O procurador-geral do Estado, João Carlos Von Hohendorff, entrou com um mandado de segurança no mesmo sentido. O desembargador Wilson Guarany, do Tribunal de Justiça, porém, negou-lhe liminar.
Se eventualmente o governador for impedido de prosseguir no mandato e o vice-governador puder substituí-lo no cargo, o PMDB estará mantido no poder.

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