São Paulo, segunda-feira, 30 de junho de 1997
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Atrasados temem ficar sem diploma

DA REPORTAGEM LOCAL; DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

Os alunos que chegaram atrasados para fazer o provão estão preocupados em não receber o diploma ao final do curso.
Na Fatec-SP (Faculdade de Tecnologia de São Paulo), na Luz (região central), cerca de 30 pessoas chegaram atrasadas.
Na EEPSG Rodrigues Alves, no Paraíso (centro), foram dez.
O diretor da executiva da UNE (União Nacional de Estudantes) estava presente no local e organizou uma comissão para resolver o caso dos retardatários.
"Se a proposta do Ministério da Educação é avaliar os cursos, não há por que haver retaliação contra alunos", afirmou.
Os retardatários tiveram de assinar um registro de atraso. Em Belo Horizonte (MG), cerca de 60 formandos tentaram entrar na escola estadual Luiz Peçanha, no centro de Belo Horizonte, quando os fiscais já tinham fechado a porta.
Eles esmurraram a porta de entrada e quebraram um vidro, mas não puderam fazer as provas.
A PM de Minas foi chamada e os próprios alunos fizeram questão de registrar a ocorrência para entrar na Justiça e receber o diploma.
Alguns disseram que tinham chegado antes de 13h, horário de início das provas, mas já encontraram a porta fechada. Outros chegaram pouco depois das 13h, mas reclamaram da falta de tolerância em relação ao horário.
Rubens Mendonça Júnior, 23, que acaba de se formar em direito pela PUC-MG, estava indignado.
"Por causa de cinco minutos vou ficar sem o diploma pelo qual estudei cinco anos", disse ele.
A delegada do Ministro da Educação em Minas Gerais, Maria das Mercês de Resende, disse que os universitários atrasados terão de fazer as provas no ano que vem.
Ela disse também que a abstenção em Minas Gerais deve ficar em torno de 1% dos 9.225 inscritos, além de 101 formandos que fizeram as provas graças a um mandado de segurança porque não foram inscritos por suas escolas.
O início do provão na cidade foi marcado por um apitaço. Cerca de mil apitos e um texto contra o exame foram distribuídos pelo Centro Acadêmico da Faculdade de Direito da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) na entrada da Escola Estadual Milton de Campos, onde foi aplicado o teste.
Esson Miguel de Barcelos, um dos diretores da escola, disse que o som dos apitos "pareceu mais uma farra do que uma manifestação contra o provão". No ano passado, lembrou Barcelos, os estudantes compareceram com nariz de palhaço e uma fita no peito dizendo "não fazemos o provão".

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