São Paulo, segunda-feira, 30 de junho de 1997![]() |
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Memorialista húngaro tem obra celebrada em Marselha
AMIR LABAKI
Com rara maestria, Forgàcs colocou em circulação imagens em 8 mm de um cineasta que expõe todo o terror da ascensão do anti-semitismo no Leste europeu da era nazista. A luta de Forgàcs pela revalorização da memória audiovisual das pessoas comuns levou-o em 1983 a criar em Budapeste a Fundação dos Arquivos de Fotos e Filmes Privados. Data da mesma época sua ligação com o grupo de música minimalista húngaro, da qual nasceu sua estreita colaboração com o compositor Tibor Szemzo, uma espécie de Philip Glass húngaro. A questão da memória é central na obra deste artista de múltiplos instrumentos. Forgàcs realiza filmes e vídeos desde 1978. Suas videoinstalações e videoperformances já correram o mundo, de Tóquio a São Paulo. A Bienal de São Paulo de 96 exibiu seu "Hungarian TOTEM". Após ser celebrado em Marselha, Forgàcs concedeu à Folha uma entrevista exclusiva via Internet. Leia abaixo trechos da entrevista. * Folha - Por que o senhor decidiu dedicar uma série aos filmes amadores? Peter Forgàcs - Minhas obras são pesquisas e viagens em torno da arqueologia do tempo da história privada. Assim é para mim uma magnífica pista disso que poderíamos chamar de passado caído olhar para os imprevisíveis presente e futuro dos filmes particulares. Por que acho esses filmes amadores tão provocantes após tantos anos de trabalho? A melhor resposta que encontrei foi no "Tractatus", de Wittgenstein: "Tudo que vemos poderia ser diferente. Tudo que podemos descrever totalmente poderia ser também distinto". Folha - Como o senhor teve acesso ao material de "Free Fall"? Forgàcs - Uma amiga -na verdade a filha do realizador- me contou que o pai fazia regularmente filmes 8 mm. Tive que esperar sete ano para vê-los pois ela não os encontrava. Custaram-me mais dois anos para convencê-la de que a coleção tinha enorme interesse público. Folha - Sua filmografia já apresenta três títulos posteriores a "Free Fall". Algum faz parte da série? Forgàcs -"Maesltrom" é um documentário de uma hora feita para a TV holandesa VPRO sobre a saga de uma família judaica, os Peereboom, entre 1930 e 1943. É bastante similar a certos pontos de "Free Fall". "Otherwise" (De Outro Modo) é um videoensaio de um minuto que fiz com Zoltán Vida. Eu segui ainda a saga da família Peto, de 1945 a 1971, em um filme de 52 minutos chamado "Class Lot". É a 11ª parte da série "Private Hungary" e a primeira da sub-série "Private Socialism" (Socialismo Privado). Texto Anterior: Documenta de Kassel lança novo olhar sobre a África Próximo Texto: Ensaio retrata adornos achados em gavetas mortuárias no Peru Índice |
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