São Paulo, segunda-feira, 30 de junho de 1997
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Grupos pró-democracia querem denunciar 'desmandos' do PC e risco para democracia

JAIME SPITZCOVSKY
DO ENVIADO ESPECIAL

A agenda de Hong Kong hoje e amanhã oferece frenética sucessão de cerimônias oficiais, despedidas, banquetes e comemorações de rua organizadas por britânicos e chineses. Há ainda o desafio dos grupos pró-democracia. Eles pretendem roubar a cena com atos organizados para "denunciar os desmandos do Partido Comunista" e o "perigo que corre a democracia no território".
Integrantes da Aliança de Apoio aos Movimentos Patrióticos e Democráticos da China e da Frente Unida contra o Conselho Legislativo provisório abriram na noite de ontem faixas anti-Pequim numa área próxima ao Centro de Convenções e Exposições, palco da cerimônia oficial de hoje.
O Partido Democrático, o maior de Hong Kong, planeja atacar em duas frentes. O momento mais importante da ofensiva ocorre a 0h30 de amanhã, com Hong Kong já sob domínio chinês.
Deputados do Conselho Legislativo dissolvido pela China querem entrar no prédio da Assembléia e, do terraço do segundo andar, ler manifesto atacando a decisão chinesa de instalar um Conselho Legislativo provisório, só com integrantes aprovados por Pequim.
Há a possibilidade de confronto. A presidência do Conselho Legislativo provisório, que controla o prédio a partir da 0h de amanhã, disse que permite a entrada dos ex-deputados, mas não quer o ato no terraço.
"Se for preciso, vou usar uma escada do lado de fora para chegar lá", afirmou Martin Lee, líder do Partido Democrático.
A segunda parte do ataque do Partido Democrático prevê uma manifestação com o nome "Apoiar a Soberania, Defender a Democracia". O ato começa às 22h30 de hoje, em frente ao prédio do Conselho Legislativo, com discursos, músicas e outras apresentações artísticas.
Dois grupos menores, a Aliança de Apoio e a Frente Unida, se instalaram ontem num dos espaços reservados pela polícia para manifestações perto do Centro de Convenções e Exposições.
Na última terça-feira, a polícia de Hong Kong anunciou que reservava dois locais para atos de grupos pró-democracia nos arredores do Centro de Convenções e Exposições. Buscava assim impedir choques com os ativistas e enterrar a discussão sobre a legalidade ou não das manifestações.
O Conselho Legislativo provisório, seguindo o ditado de Pequim, aprovou leis que entram em vigor a partir da 0h de amanhã e que exigem a aprovação prévia da polícia para atos públicos com pelo menos 30 pessoas. Grupos pró-democracia anunciaram que iriam ignorar as novas exigências.
A polícia, além de reservar espaços aos grupos pró-democracia, afirmou que não iria exigir o cumprimento das novas leis amanhã e quarta-feira.
A Frente Unida começou uma manifestação às 17h. Depois chegaram outros ativistas, com mais faixas. Eles planejam ficar em vigília até a madrugada de amanhã.
As faixas traziam símbolos do movimento pró-democracia da praça Tiananmen, em Pequim, e dizeres como "parem de torturar Wei Jingsheng" e "libertem Wang Dan", referindo-se aos dois mais famosos dissidentes presos na China.
O presidente chinês, Jiang Zemin, e o premiê Li Peng devem chegar ao Centro de Convenções e Exposições por uma rota que vai evitar os manifestantes anti-Pequim.

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