São Paulo, segunda-feira, 30 de junho de 1997
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Parintins (AM) assiste a fim de duelo hoje

MARCELO TADEU LIA
ENVIADO ESPECIAL A MANAUS

Termina hoje a maior festa folclórica amazônica, a Festa do Boi de Parintins, que ocorre na cidade de mesmo nome (420 km de Manaus), na ilha de Tupinambarana.
A prévia da festa aconteceu no dia 14 de junho -pelo terceiro ano consecutivo- no hotel Tropical Manaus, para um público estimado de 5.000 pessoas (entre hóspedes, convidados e pagantes).
Todos os anos, o espetáculo de Parintins invariavelmente ocorre entre os dias 28 e 30 de junho e envolve dois grupos rivais, os bois Caprichoso (cor azul) e Garantido (vermelho).
Os grupos, que contam com cerca de 2.500 brincantes (integrantes dos bois), desfilam no "bumbódromo", uma arena construída em 1988 e que tem capacidade para 35 mil pessoas.
O embate entre Caprichoso (vencedor das últimas três edições) e Garantido é feito com muita rivalidade e, também, respeito.
Bem ao contrário dos vândalos que habitam os campos de futebol, os "contrários" (simpatizantes dos bois rivais) dividem meio a meio a arquibancada e ficam em silêncio quando o outro grupo se apresenta -há perda de pontos caso haja manifestações nocivas.
O espetáculo é recheado de muitas cores, com fogos de artifício, tochas, fantasias e até luzes de néon, representando mitos e danças de tradição indígena e as lendas do boi-bumbá.
Durante as apresentações, que duram cerca de cinco horas por noite, os grupos apresentam várias canções, chamadas de toadas.
As músicas são apresentadas por um puxador oficial (Arlindo Júnior, do Caprichoso, e David Assayag, do Garantido), acompanhado por uma percussão pesada -que guarda certa semelhança com as batidas de axé music- e até flautas andinas (aquelas feitas de bambu e sopradas na perpendicular).
Durante as apresentações, as aparições de Mãe Catirina, Pai Francisco, a "cunhãporanga" (mulher bonita), o pajé e o próprio boi-bumbá são as mais festejadas.
Barcos
Sem acesso por terra e com mínima infra-estrutura, a pequena Parintins, com cerca de 60 mil habitantes, recebe mais de 40 mil turistas nesta época do ano -a maioria vem de cidades da redondeza.
O meio de transporte mais utilizado, como no resto do Estado do Amazonas, é o barco. O trajeto entre Manaus e Parintins, pelo rio Amazonas, é realizado em cerca de 18 horas, na ida, e 36 horas, na volta (contra a correnteza).
Como só existem dois pequenos hotéis na cidade, o jeito é dormir em redes nas próprias embarcações, que ficam atracadas às centenas na beira do Amazonas.
Em um dos maiores deles, o navio-hotel Itaporanga (44 metros de comprimento), cada hóspede paga R$ 130 durante o período da festa -com direito a café da manhã, rede para dormir e o "luxo" de contar com dez banheiros.

LEIA MAIS sobre Manaus nas págs. 7-14 e 7-15

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