São Paulo, terça-feira, 1 de julho de 1997
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Internet preocupa Pequim

RÉMY FIÈRE
DO "LE MONDE", EM HONG KONG

A idéia de um mundo sem fronteiras é assustadora, para o governo chinês. Há dois anos, Pequim vem fazendo de tudo para limitar o acesso dos chineses à Internet.
Em 1996, obrigou usuários e donos de computadores a se declararem junto ao governo. Os provedores deveriam colocar-se sob a tutela do órgão que comanda correios e telecomunicações. O objetivo: controlar mensagens e deixar claro que a rede não deve ser usada para visitar sites pornográficos nem difundir segredos de Estado.
Em Hong Kong, a liberdade dos internautas não é total, mas quase. A polícia às vezes visita provedores para localizar "hackers". O site de um halterofilista homossexual com imagens de seu corpo foi suprimido, por decisão da Justiça.
"É preciso desconfiar de regimes autoritários que tentam dominar e consolidar seu próprio poder, restringindo ou manipulando a informação", diz Emily Lau, ex-jornalista que tornou-se deputada do Conselho Legislativo dissolvido ontem.
Mas nem todos sentem o mesmo temor. "Não sei se a devolução vai prejudicar o funcionamento da Internet", diz o norte-americano Mark Schrader, comprador de componentes eletrônicos. "Já há cerca de 90 provedores em HK, e dizem que o número de usuários se multiplica por dois a cada ano." Ele estima em 500 mil os habitantes de HK já ligados à Internet.
Jim Clark, presidente da Netscape, em passagem por HK em fevereiro, mostrou-se discreto. Ao comentar possíveis freios à superinfovia, disse: "Se a liberdade de imprensa é uma coisa boa? Eu diria que ela está na Constituição dos EUA, mas que também faz parte do domínio de cada governo".
No site oficial da China em HK, empresas americanas que desenvolvem a Internet na China elogiam a devolução. Afinal, o mercado chinês é tão grande!

Tradução de Clara Allain

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