São Paulo, terça-feira, 1 de julho de 1997
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Sob chuva e aplausos, China põe 4.000 soldados em Hong Kong ao amanhecer

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Sob uma persistente chuva e aplausos das poucas pessoas que estavam nas ruas por volta das 6h de hoje (19h de ontem em Brasília), cerca de 4.000 militares chineses entraram em Hong Kong e se dirigiram a seus quartéis, que até horas antes eram ocupados por militares britânicos.
Foi um evento muito menos visível que a cerimônia de transferência no Centro de Convenções e Exposições, mas que traz muito mais tensão política.
O fato de que tantos militares tenham entrado no território poucas horas depois da entrega é visto pelo Ocidente como um sinal de que Pequim quer manter o território sob vigilância estrita.
Além de cerca de 400 caminhões com soldados, a operação de deslocamento contou com dez embarcações médias, seis helicópteros e 21 blindados, cuja presença causou protestos das autoridades britânicas. Os soldados se juntaram a outros 196 que já estavam no território desde o final de abril e a mais 509 que receberam permissão especial para acompanhar o presidente Jiang Zemin.
A entrada deste grupo de 509 foi a mais polêmica. Londres relutou em aceitá-los no território ainda sob o seu controle. Finalmente, decidiu que os soldados poderiam entrar às 21h de ontem. Segundo testemunhas, os soldados cruzaram a fronteira 15 minutos antes do horário previsto.
O presidente Jiang Zemin deu ordens expressas para que os soldados enviados a Hong Kong estejam atentos para não desrespeitar os direitos humanos. Na cerimônia de partida das tropas em direção à nova Região Administrativa Especial, em Shenzhen, próximo à fronteira, o general Fu Quanyou pediu a seus homens que "evitem as más influências".
O comandante leu uma mensagem de Jiang: "É um símbolo importante da recuperação por parte do governo chinês da soberania sobre Hong Kong. A missão é sagrada, a responsabilidade é grande", disse, referindo-se à necessidade de manter os acordos que prevêem a manutenção do "modo de vida de Hong Kong" -como tanto ele quanto o príncipe Charles mencionaram em seus discursos.
Logo após a cerimônia de transferência, os britânicos também começaram a retirar seus militares do território. Os oficiais de mais alta patente acompanharam o príncipe Charles e o ex-governador Chris Patten no iate Britannia.
Os chineses vão manter cinco generais na região, enquanto os britânicos tinham apenas um. Em compensação, eles devem ocupar apenas 14 quartéis, contra os mais de 20 dos britânicos.

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