São Paulo, quinta-feira, 3 de julho de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Mutreta vira marca

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Este Campeonato Brasileiro já nasce sob o signo da mutreta e com um defeito congênito e atávico -essa fórmula de disputa classificatória, que reserva a maior parte do calendário para um longo bocejo do torcedor.
E tanto a mutreta quanto o defeito original vêm-se transformando na marca dessa administração funesta do nosso futebol, tocada sob a batuta de Ricardo Teixeira e com o coro de apoio dos demais cartolas. E ambas revelam os sinais trocados que conduzem os passos da nossa cartolagem: em vez de olharem pra cima, olham pra baixo.
Sim, porque, em lugar de privilegiarem a emoção da conquista, preocupam-se com aqueles que não têm condições de oferecer emoção alguma. Então, para que a massa de pequenos possa usufruir das vantagens de enfrentar os grandes, os Ricardos Teixeiras da vida oferecem como alternativa esse campeonato cansativo e inócuo, que só toma ares de disputa no instante da decisão.
E é essa visão distorcida que gera a mutreta, como a que ainda outro dia manchou indelevelmente o torneio nem começado -o resgate do Fluminense e do Bragantino da segunda divisão, no bojo de um escândalo sem precedentes no nosso futebol.
Em todo caso, a bola vai voltar a rolar, tocada pelo que temos de melhor -nossos craques- que jogarão um pouco de luz na face mais escura do nosso futebol.

Texto Anterior: Campeonato permanece inadequado
Próximo Texto: Torneio nasce viciado
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.