São Paulo, quinta-feira, 3 de julho de 1997
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Tailândia tem mididesvalorização cambial

DA REDAÇÃO; DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A moeda da Tailândia sofreu ontem desvalorização de cerca de 20% em relação ao dólar depois que o governo liberou o câmbio.
Com a economia globalizada, uma medida cambial de um país distante como esse Tigre Asiático pode ter efeito negativo para outras economias emergentes, inclusive o Brasil.
A moeda tailandesa, o baht, tinha sua cotação fixada em relação a uma cesta de moedas dominada pelo dólar. Desde ontem, a flutuação da moeda é livre.
Nos bancos comerciais de Bancoc, a capital, o dólar foi negociado entre 28,7 e 30,6 baths, em comparação à taxa de 25,9 bahts do dia anterior.
A reação inicial do mercado acionário foi positiva. A Bolsa local registrou alta de 7,9% durante o pregão devido à expectativa de que as exportações cresçam.
Com a desvalorização do câmbio, os produtos tailandeses ficam mais baratos no exterior, o que significa aumento de competitividade das exportações.
A medida cambial, no entanto, ameaça boa parte das empresas tailandesas endividadas em dólar. A dívida externa das empresas, estimada em US$ 72 bilhões, vai crescer, em moeda local, na mesma proporção da desvalorização.
As empresas de telefonia são as mais endividadas. Elas não haviam feito "hedge", ou seja, não procuraram se proteger de uma eventual desvalorização (comprando títulos cambiais, por exemplo).
Para conter a desvalorização, o governo tailandês foi obrigado a elevar a taxa de juros, de 10,50% para 12,50% ao ano.
As medidas espalharam preocupação por toda a região do Sudeste Asiático. Nas Filipinas, o banco central elevou os juros de 20% para 24% para proteger sua moeda.
Espera-se que a Tailândia peça ajuda ao FMI (Fundo Monetário Internacional) para enfrentar a transição para um câmbio flutuante. As reservas internacionais em abril eram de US$ 36 bilhões.
A medida do governo tailandês traz embutida forte pressão inflacionária. A taxa atual, que em maio era de 4,3%, deve fechar o ano em 6%, segundo estimativas.
No Brasil
Os acontecimentos na Tailândia podem respingar no Brasil. Antes de tomar conhecimento da mididesvalorização do baht, o secretário de Política Econômica, José Roberto Mendonça de Barros, havia comentado que uma instabilidade no Sudeste Asiático poderia ter efeito negativo para o Brasil.
Ele teme que quedas nas Bolsas daquela região poderiam fazer os investimentos saírem de outros mercados para cobrir o prejuízo.

LEIA MAIS sobre a Tailândia na coluna de Celso Pinto, na pág. 1-7

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