São Paulo, quinta-feira, 3 de julho de 1997
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Tailândia sofre maxidesvalorização

DA REDAÇÃO

A moeda da Tailândia sofreu ontem desvalorização de cerca de 20% em relação ao dólar depois que o governo liberou o câmbio para tentar contornar a deterioração das contas externas do país.
Em Brasília, Gustavo Loyola, presidente do Banco Central, disse que as medidas do Tigre Asiático não afetam a economia brasileira.
"São absolutamente nulos os efeitos para o Brasil", afirmou.
Para ele, a grande distância e o pequeno comércio bilateral afastam a possibilidade de impacto na economia nacional. Mas há quem identifique outras implicações.
O ex-ministro Mailson da Nóbrega, por exemplo, acha que o que ocorreu na Tailândia deveria servir de alerta.
"Esses ataques especulativos demonstram que o governo não pode descuidar do déficit em conta corrente e que é preciso dar continuidade às reformas", afirmou.
O secretário de Política Econômica, José Roberto Mendonça de Barros, teme os efeitos de eventual instabilidade no Sudeste Asiático.
Em análise feita antes de tomar conhecimento das medidas, ele chamava a atenção para a possibilidade de os investidores estrangeiros canalizarem aplicações de outros mercados para cobrir prejuízos em Bolsas asiáticas, em caso de quedas bruscas.
Marcelo Giufrida, vice-presidente do banco CCF, concorda com Malan que o Brasil não seria afetado. O investidor internacional, segundo ele, tem uma visão geográfica e segmentada dos chamados países emergentes. Os efeitos, diz, poderiam ser diferentes se o caso ocorresse no Mercosul.
A moeda tailandesa, o bath, tinha sua cotação fixada em relação a uma cesta de moedas estrangeiras. Agora, a flutuação é livre.
Em Bancoc, a capital, o dólar foi negociado ontem entre 28,7 e 30,6 bahts, em comparação à taxa de 25,9 bahts do dia anterior.
A reação inicial do mercado foi positiva. A Bolsa local, após cair 40% no primeiro semestre, teve alta de 7,9% devido à expectativa de que as exportações cresçam ajudadas pelo câmbio. Até março, o déficit anual da balança comercial era de US$ 12 bilhões.
Não é certo, porém, que as perspectivas dos exportadores segurem a Bolsa. A medida, além de ser recessiva, ameaça as empresas endividadas em dólar. A dívida externa delas, de US$ 72 bilhões, vai crescer, em moeda local, na mesma proporção da desvalorização.
Para conter desvalorização ainda maior, o governo tailandês foi obrigado a elevar a taxa de juros, de 10,50% para 12,50% ao ano.
As medidas espalharam preocupação pela região, onde bancos centrais atuaram em conjunto. Nas Filipinas, o juro subiu de 20% para 24% em proteção à moeda.
Espera-se que a Tailândia peça ajuda ao FMI (Fundo Monetário Internacional) para enfrentar a transição para um câmbio flutuante. As reservas internacionais em abril eram de US$ 36 bilhões.
A medida pressiona a inflação. A taxa anual, que em maio era de 4,3%, deve fechar o ano em 6%.
Colaboraram a Reportagem Local e a Sucursal de Brasília, com agências internacionais

LEIA MAIS sobre a Tailândia na coluna de Celso Pinto, na pág. 1-7

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