São Paulo, sábado, 5 de julho de 1997
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Temporada de alta costura começa amanhã

MARTA AVANCINI
DE PARIS

Nina Ricci, Torrente e Gianni Versace abrem amanhã a temporada de desfiles de alta costura para as coleções de outono e inverno de 97. São as primeiras de uma série de 22 "maisons" que ou passaram pelo crivo da Chambre Syndicale de la Couture Parisienne ou que foram convidadas a apresentar o que produzem de melhor para o próximo inverno europeu.
Apesar da crise econômica, das mudanças vividas pela moda nos últimos anos e do que alguns chamam de decadência da alta costura, esses criadores vão apresentar, em quatro dias, o que, em tese, existe de mais sofisticado em termos de moda na França.
"O mercado mudou, a visão das mulheres hoje em dia é diferente, já que ninguém tem paciência e tempo para provar cinco vezes uma roupa, mas a alta costura ainda significa prestígio e sofisticação", disse à Folha Liliane Mercer, representante da Chanel para a América Latina.
Ela conta que, nos anos 50, por exemplo, o número de "maisons" que integravam o seleto grupo da alta costura francesa era maior, beirava os 40.
Mas, apesar de hoje serem em número menor, os estilistas que se dedicam à alta costura permanecem como representantes de uma tradição artesanal.
"Os modelos são únicos, adaptados às necessidades e gosto da cliente. Além disso, a alta costura é um espaço de criação e, muitas vezes, de antecipação de tendências", disse Patricia Campagne, assessora e relações-públicas da "maison" Lecoanet Hemant, uma das mais novas a entrar na Chambre Syndicale.
Para entrar no circuito da alta costura francesa, um estilista tem de ter pelo menos 15 pessoas trabalhando nas coleções, montar duas coleções diferentes ao ano e apresentar ao menos 30 modelos em cada uma delas, conta Patricia.
"Entrar para a alta costura é algo vem com o tempo para uma 'maison'. Nós ainda não chegamos a esse ponto, mas o tipo de roupa que fazemos está, sem dúvida, muito próximo dessa abordagem", disse Anne Rucki, assessora de Ocimar Versolato, estilista brasileiro radicado na França.
Assim permanecem no circuito da alta costura "maisons" tradicionais e que vivenciaram a época áurea da alta costura.
Chanel, Nina Ricci e Dior são apenas algumas que se mantêm fiéis a essa tradição artesanal e cara -um vestido de alta costura custa no mínimo US$ 5.000-, mas que continua a atrair os chamados jovens estilistas como Thierry Mugler e Jean Paul Gaultier.
"É um espaço de criação formidável, que continua a atrair estilistas de talento", disse Claudine Zanelli, jornalista da revista "Elle" francesa.

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