São Paulo, domingo, 6 de julho de 1997 |
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Relação com construtoras é alvo de crítica
FREDERICO VASCONCELOS; MARCIO AITH
A última CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que investigou os fundos estatais identificou dezenas de casos suspeitos. Um dos negócios citados envolve a RFM Comercial e Construtora e a Funcef, fundação patrocinada pela Caixa Econômica Federal, que bancou 100% da construção do Pallais Royale, em São Paulo. Um ano depois de concluída, a obra continuava sem comercialização: o custo tinha sido incompatível com os preços do mercado. Sindicância interna na Funcef concluiu que não houve apuração de dolo e que "o prejuízo deveu-se a contingências de mercado". Em outro negócio com a mesma empresa, a fundação pagou pelo terreno o equivalente a US$ 780 mil, "sendo que a RFM o havia adquirido da Next Inc. Adm. Com. e Part. Ltda, por US$ 680 mil". A Sistel, fundação da Telebrás, é acusada de adquirir vários imóveis sem avaliação prévia. O Banco do Brasil entregou à Previ, para amortizar dívida, o prédio da avenida Paulista onde funciona parte da superintendência do banco em São Paulo. Para o TCU (Tribunal de Contas da União), banco deveria ter esgotado, preferencialmente, sua carteira de imóveis destinados à venda. O TCU também constatou que a Previ não respeitava os limites de diversificação de investimentos (estava desenquadrada nas aplicações em títulos de um mesmo emissor). Era o caso de sua participação no capital votante da Acesita e do Banco Francês e Brasileiro. A Previ detinha 30% das ações da Paranapanema e investiu na formação do conglomerado envolvendo a Caraíbas, Paraibuna e Eluma, "com participação dos fundos de pensão superior a 50%". Circulam informações no mercado de que o conglomerado estaria requerendo novo aporte. No governo Collor, um pool de fundações estatais -mais BNDES e o BB- torrou US$ 12,8 milhões em ações da Sade rejeitadas pelo mercado, contra pareceres. Dinheiro enterrado Um dos exemplos mais curiosos de como as fundações não têm limites para enterrar recursos foi o investimento da Braslight, fundação da Light, que em 1985 comprou 2.000 jazigos no cemitério Jardim da Saudade, no Rio, sem consultar o conselho interno. Em 12 anos, foram vendidos apenas 245 jazigos. As despesas de manutenção, no período, seriam suficientes para comprar outros 2.000. (FREDERICO VASCONCELOS e MARCIO AITH) Texto Anterior: Ex-diretores da Telos são investigados Próximo Texto: Um saco sem fundo Índice |
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