São Paulo, domingo, 6 de julho de 1997
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Estudantes votam hoje nova diretoria da UNE

MALU GASPAR
ENVIADA ESPECIAL A BELO HORIZONTE

Será escolhido hoje, no congresso da UNE (União Nacional dos Estudantes) em Belo Horizonte, a próxima diretoria -e o presidente- da entidade.
Até que comece a votação, não dá para afirmar quem será eleito, mas de uma coisa já se pode ter certeza: estudante sem partido político tem poucas chances.
Todas as teses (plataformas políticas) apresentadas no congresso têm vinculação com partidos. Os líderes já têm idéia de quantos delegados controlam e, portanto, de seu poder de negociação.
A diretoria é formada de acordo com a quantidade de votos de cada chapa. A que tem mais votos escolhe o presidente. Desde 1979, quando a UNE foi reativada, com a reabertura do país, estudantes ligados a partidos disputam a sua diretoria. Desde 1990, filiados ao PC do B são eleitos presidentes.
E é o PC do B que, segundo todos os grupos políticos do congresso, tem de novo a maioria dos votos.
"Nós temos cerca de 2.200 votos", diz Marcelo Ramos, 23, estudante da Universidade Federal do Amazonas, filiado ao PC do B.
A afirmação é mais uma das tantas que servem como mote para a negociação. Somadas todas as previsões dos líderes de bancadas ouvidos pela Folha, haveria no congresso cerca de 6.000 delegados, 900 a mais do que os que foram eleitos e cerca de 2.000 a mais do que os que haviam sido credenciados até a noite de sexta-feira.
Contra
O partido é contra eleições diretas para a diretoria da UNE e defende o boicote ao provão do MEC.
Formar uma chapa única com todos os partidos, repetindo a formação do bloco parlamentar de oposição formado no Congresso Nacional, é o objetivo do PC do B.
A idéia é patrocinada pelas direções do PT e o PC do B, mas encontra resistência em vários grupos. Muitos já avisaram que não vão participar da coligação. "Achamos que a UNE tem que fazer uma luta socialista contra FHC, e isso ela não está fazendo" diz Euclides Agrela, do PSTU. Segundo ele, o PSTU tem 350 votos.
A segunda maior representação do Congresso parece estar dividida entre o grupo formado pelo PDT e pelo PSB, que afirma ter 780 delegados, e pelo grupo da Articulação, tendência à direita do PT, que afirma ter garantidos 800 votos.
Jones Matos, 25, estudante goiano de ciências sociais filiado ao PPS, disse que o seu partido reúne cerca de 300 delegados, mas deve disputar a diretoria junto com outros partidos. O PPS e o PDT são os únicos que defendem um "apoio crítico ao provão".
Eles, assim como a Articulação, também são a favor de eleições diretas para a UNE, e contra o monopólio da entidade sobre a carteirinha estudantil.

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