São Paulo, domingo, 6 de julho de 1997
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Clientes aprovam 'tratamento'

RICARDO FELTRIN
DO ENVIADO ESPECIAL A PORTO ALEGRE (RS)

A professora estadual G.B.B., 38, foi uma das primeiras "pacientes" da filosofia clínica no Brasil. Ela decidiu procurá-la depois de tomar contato com seus princípios por meio de seu marido, filósofo formado em Porto Alegre.
O código de ética da filosofia clínica não permite que os clientes sejam expostos em meios de comunicação. Assim mesmo, ela concordou em falar à Folha, desde que não fosse identificada.
Leia a seguir trechos de seu relato, feito na última quinta-feira em uma sala do Centro de Estudos da Filosofia Clínica, em Porto Alegre.
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"Antes de chegar à filosofia clínica eu fiz um ano de psicanálise. Ia uma ou duas vezes por semana à médica, mas não resolvia nenhum dos meus problemas.
Pelo contrário, acho que apenas criei uma dependência enorme dela. Quando minha psicanalista saiu de férias por dois meses, quase morri. Não sabia o que fazer, com quem conversar...
Tinha crises de descontrole emocional. Gritava e chorava sem nenhum motivo aparente.
Um dia, meu marido me falou sobre o trabalho da filosofia clínica e eu resolvi experimentar.
Desde a primeira consulta, mudei para melhor. Aqui a gente fica à vontade, não é bombardeada por questionários ou perguntas, por exemplo, sobre como era meu relacionamento com meus pais.
Em quatro meses de consultas eu sentia que já tinha consciência do que acontecia no meu interior. As crises foram acabando aos poucos. Comecei a trabalhar meus problemas e acabei apaixonada pela filosofia. Minha vida mudou."
Estudante universitário de família de classe média de Porto Alegre, G., 21, também falou à Folha sobre sua experiência na filosofia clínica. A seguir, os principais trechos de seu relato.
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"Há dois anos eu comecei a fazer terapia com um psicólogo. Não me sentia à vontade para falar muitas coisas. Outras, que ele dizia, eu não entendia. No ano passado, comecei a fazer clínica filosófica e posso garantir, foi o melhor ano da minha vida. Mudei interiormente. Hoje sou uma pessoa melhor.
O legal é que nessa terapia não existem os conceitos de 'normal' e 'doente'. Passei a me aceitar mais -tanto minhas qualidades como meus defeitos."
(RF)

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