São Paulo, domingo, 6 de julho de 1997
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Telas escancaram o gestual de craques

LUÍS CURRO
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma homenagem aos maiores nomes do futebol e uma exaltação ao corpo do atleta.
Esses são os motes da exposição "Estética do Futebol", que estréia em São Paulo no dia 14 de julho -dentro de oito dias.
"Será uma instalação ligando meus quadros aos texto poéticos do Armando (Nogueira, jornalista). Uma integração entre textos e imagens", afirmou o artista plástico carioca Rubens Gerchman, 55.
Trinta quadros de Gerchman, mostrando a face dramática e detalhista de brasileiros que fizeram fama nos gramados de futebol, serão expostos.
São exemplos dos jogadores: Friendenreich, Leônidas da Silva, Domingos da Guia, Garrincha, Gilmar dos Santos Neves, Heleno de Freitas, Romário e Ronaldinho (veja relação completa em quadro nesta página).
"O objetivo é mostrar com o que cada jogador contribuiu para o futebol brasileiro. Todos esses deram grandes contribuições", declarou Gerchman.
O artista diz ser detalhista. Pela observação de fotos dos jogadores, afirma ter conseguido perceber características poucas vezes vistas somente a olho nu.
"O detalhe do Ronaldinho está nas mãos. São crispadas e, quando ele corre, parecem garras", exemplificou ele.
Outro atleta com um detalhe peculiar é o já aposentado Arthur Antunes Coimbra, o Zico, ex-camisa 10 da seleção brasileira, ídolo do Flamengo nos anos 80 e, hoje, dono do Rio de Janeiro Futebol Clube, equipe da terceira divisão do Rio.
"Ele batia as faltas com o polegar apontado para cima", diz Gerchman, que afirma ser torcedor do Flamengo, no Rio, do Corinthians, em São Paulo, e também admirar o Botafogo-RJ.
Segundo Gerchman, boa parte dos escolhidos para constar nas telas partiu de sugestões de Armando Nogueira. "Ele me deu milhões de conselhos e bastante informação sobre cada jogador."
Para se inspirar e pintar, o artista diz ter feito uma ampla pesquisa de imagens. Os quadros têm tamanhos de 2 m x 2 m, 1,6 m x 1,6 m ou 1,8 m x 1,4 m.
"Infelizmente, no caso de jogadores antigos, as fontes são muito pobres", lamentou Gerchman. "Recorri a livros."
O artista revela que costuma levar "dois ou três dias" entre o início e o término de uma pintura. "São os mais espontâneos. Outros eu refaço e demoram mais tempo para ficarem prontos."
Vertente
Gerchman afirma pintar quadros temáticos de futebol desde 1965. "O futebol é uma das vertentes do meu trabalho."
O tema "usual" de Gerchman, segundo ele, é urbano. "Faço pinturas ligadas à cidade."
Quanto ao futebol, o artista o considera como um assunto intrínseco à cultura brasileira.
"O futebol é cultura popular. Sempre o olhei como uma coisa importante, de identidade nacional. Tem gente que vai ao estádio e se realiza. Depois, leva alegria para casa", disse ele.
Gerchman até se exalta quando se aprofunda no tema: "O gol é a catálise pública, o orgasmo coletivo. Você mata, simbolicamente, o adversário".

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