São Paulo, domingo, 6 de julho de 1997
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Lições dispensáveis; Estado letárgico; Racismo; Data desconhecida; Bode expiatório; Hermetismo; Pedágio; Tempo precioso

Lições dispensáveis
"Nem a Inglaterra, de passado tenebroso, nem os Estados Unidos, de presente criminoso, têm moral para dar lições de democracia à China.
A Inglaterra, só depois de 150 anos de colonização de Hong Kong, em 1995, às vésperas de sua entrega à China, achou por bem criar um órgão de representação popular em Hong Kong.
Quanto aos Estados Unidos, réus confessos de numerosos atentados contra a democracia no plano internacional, conforme relatos de ex-espiões da famigerada CIA, ostentam para os chineses, no plano nacional, as suas 'democráticas' eleições.
Porém, os pragmáticos chineses sabem bem quanto tais eleições são 'd$$$$$$emocráticas', pois eles próprios -conforme noticia a imprensa-, por meio de empresários amigos, delas participam ativamente."
Odiva Oliveira Sene (São Paulo, SP)

Estado letárgico
"Em 1984, ao final daquele grande comício pelas diretas, no Anhangabaú, eu, então com 15 anos, chorei ao ver aquela multidão cantar o Hino Nacional e concluí: 'Este país tem jeito'.
Treze anos depois, olhando para os meus dois filhos, eu pergunto a cada um daquele '1 milhão' presente àquele ato: esta é a democracia que vocês construíram?
Cadê nossas instituições? Cadê a 'sociedade civil'? Cadê a capacidade de indignação? Será que estamos todos em estado letárgico?"
André do Valle Amadio (São Paulo, SP)

Racismo
"A mentalidade racista dos executivos do sistema, que se desnuda na declaração do ministro dos Transportes sobre Pelé, é uma das várias manifestações da discriminação racial, um dos produtos do sistema cruel e perverso dominante no país.
É o retrato da política pública adotada pelo governo.
No Brasil há racismo, sim. E o ministro dos Transportes, Eliseu Padilha, não foi infeliz em sua declaração. Ele foi racista."
Marcelo Dias, deputado estadual, coordenador nacional do Movimento Negro Unificado -MNU (Rio de Janeiro, RJ)
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"O preconceito mais condenável, mas ainda impune, é o do negro contra a própria raça, pois nenhuma busca extinguir-se. Ao subir na vida, vira as costas às fêmeas da espécie.
Quantos negros ricos, importantes, são casados com negras? Cama cheia de dólar? Negra, cai fora. Bolsas cheias? Vem cá lourinha.
Esses que nutrem preconceito contra a própria raça deviam ir para as grades ao lado do branco racista. Seu crime é pior: contra a própria espécie.
A condenação ao preconceito tem sido unilateral; por justiça deve ser imparcial. Negro goza do direito de ser preconceituoso contra a própria cor."
Geraldo de Moura (Vitória, ES)

Data desconhecida
"Instituir um feriado para uma data que praticamente ninguém sabe o que significa só desprestigia mais este governo estadual.
Aliás, não se poderia esperar outra atitude de um governo que institui um rodízio no mês de julho, quando, por causa das férias escolares, a circulação de veículos já cai 20%.
Se 9 de julho é uma data para comemorar, a comemoração deveria ter começado a partir de 1933."
Ronaldo J.N. de Carvalho (São Paulo, SP)

Bode expiatório
"O presidente da República escolheu os funcionários federais, do Poder Executivo, como bode expiatório do seu governo.
Os funcionários federais não têm reajuste salarial desde 1º de janeiro de 1995. E já estamos com uma inflação em torno de 65%.
Não satisfeito, o presidente Fernando Henrique criou uma contribuição previdenciária para os aposentados, significando, na prática, uma redução de salários de até 12%."
João Machado Homem (Pouso Alegre, MG)
*
"O funcionalismo federal está gritando por aumento de vencimentos.
Esquece-se que tem inúmeras vantagens, recebe proporcionalmente muito acima do setor privado, goza de quinquênios, emprego absolutamente estável, assistência médico-odontológica, aposentadoria integral etc.
Em 'compensação', presta um péssimo serviço ao cidadão que paga 60 tributos para sustentar a máquina estatal."
Fernando Francisco Moreira (Belo Horizonte, MG)

Hermetismo
"Para quem é escrito o caderno Mais!? Eu, que nas classificações de pesquisa posso ser considerado como leitor 'B', isto é, acima da média, não consigo ler mais que uma página do caderno, se computadas as partes que leio lá e cá.
E então penso no leitor 'trivial', que compra a Folha nas cidades interioranas e mesmo na grande São Paulo!
Gostaria de ter na Folha de sábado ou domingo um caderno que trouxesse o máximo possível de informações de livros. E o Jornal de Resenhas não é exatamente um caderno informativo."
José Salles Neto (Brasília, DF)

Pedágio
"Leio que o pedágio nas rodovias estaduais vai subir 10,6%. O governo estaria usando a inflação de 97 medida pelo IGP-M de 8,39% mais 2,21% de reajuste não repassado em 96 para chegar à porcentagem do aumento.
Sendo eu funcionário público estadual, sem receber reajuste salarial há quase três anos, que para se deslocar da residência ao local de trabalho precisa percorrer 30 km por rodovia estadual, pagando um pedágio, pergunto: por que dois pesos e duas medidas na reposição da inflação?
Respondo: porque o chamado Plano Real nada inovou."
Vanderley Pimenta (Indaiatuba, SP)

Tempo precioso
"Nota intitulada 'Sentiu o golpe', no 'Painel' de 1º/7, informa a intenção do PT de fazer uso do tempo de TV que a legislação lhe concede '... para se defender da acusação de corrupção feita pelo militante Paulo de Tarso Venceslau'.
Não é que eu duvide da notícia, mas é difícil acreditar que nós vamos fazer uso do nosso precioso e escasso tempo de TV para nos defendermos de acusações infundadas e despropositadas, pois nem mesmo a imprensa apresentou qualquer prova que justificasse a atenção dada a esse senhor."
Maria Bordin (Belo Horizonte, MG)

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