São Paulo, domingo, 6 de julho de 1997
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SOS David Copperfield

ELIANE CANTANHÊDE

Brasília - Fernando Henrique vai poder usar o Boeing da Presidência na eleição de 98?
Se usar, poderá dar carona aos marqueteiros e assessores de campanha?
Aliás, quem paga os marqueteiros?
E os funcionários da Presidência, vão viajar como assessores do presidente ou do candidato?
A inauguração de uma estrada é compromisso de governo ou comício de campanha?
Pois é. Dúvidas e mais dúvidas. E elas são como o Denorex. Lembram? Parecem perguntas da oposição, do PT em particular. Mas não são. Foram feitas por um ministro -bem próximo, aliás, do presidente.
"Não temos cultura nem tecnologia de reeleição", admite ele. Isso só confirma que a recandidatura de um presidente é uma ousadia. Sem desincompabilização, nem se fala.
FHC sabia disso desde o início. Portanto o risco é calculado. Agora, apressa-se a jogar uma multidão de aliados para passar um pente fino na regulamentação da campanha.
Primeiro, o deputado Carlos Apolinário virou relator. Depois, um a um, desembarcaram no assunto o senador Guilherme Palmeira, o vice-presidente Marco Maciel, o líder Luís Eduardo Magalhães.
Até o coordenador político (?!!!) Luiz Carlos Santos sai das sombras para também meter sua colher.
É uma forma de reconhecer que as denúncias de uso da máquina serão praticamente inevitáveis.
Qualquer escorregadela e o presidente-candidato vira saco de pancada. Basta um vôo, uma declaração, um assessor a mais e tome pau em palanque e processo na Justiça.
Para o próprio Fernando Henrique, uma coisa é certa: se tiver que pagar pelo uso do Boeing por fora, não vai arredar pé de Brasília. "Custa uma fortuna. Quem paga?" justifica. Se até ele pergunta, imaginem o PT.
A tentativa do governo é chegar a uma lei que permita o uso da máquina no limite entre o conveniente e o não comprometedor.
Em vez de políticos, FHC deveria recorrer a um mágico. Socorro, David Copperfield!

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