São Paulo, domingo, 6 de julho de 1997
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Paradas param tudo

ANDRÉ FISCHER

Até que enfim. No último fim-de-semana, milhares de paulistanos finalmente tiveram a sensação de fazer parte de uma comunidade mundial. Pela primeira vez, o Orgulho Gay conseguiu força suficiente para ocupar a avenida Paulista e um mix de tribos parou o trânsito da cidade "em nome do amor" (foto).
Como na parada de Nova York da semana passada, o percurso de sábado foi pontuado por hilários gritos de ordem (em frente ao Masp, "Hei, hei, hei, Monet também é gay!") e houve até um previsível confronto em frente à Igreja Universal, quando uma drag queen fantasiada de diabo foi rechaçada por beatas.
Como na parada de Berlim da semana que vem, heterotechnos, gays e descolados se reuniram no domingo para celebrar a livre manifestação do amor. A barulheira atraiu olhares curiosos dos apartamentos de classe média alta do Pacaembu e a adesão espontânea de populares que viam aquele circo pela primeira vez.
A garra dos organizadores do evento de sábado e a capacidade de mobilização dos de domingo configuram um movimento maior que começa a tomar corpo em São Paulo. A pretexto de uma possível megaparada no ano que vem, o emergente empresariado GLS deve se organizar.
*
O novo adiamento da votação do Projeto de Parceria Civil da deputada Marta Suplicy (para 30 de agosto) parece ter finalmente despertado os brios de cidadãos/ãs que permaneciam trancafiados nos armários. Resta um mês e meio para que a sociedade convença deputados que insistem em não perceber que o mundo está evoluindo.

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