São Paulo, domingo, 6 de julho de 1997
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Vinho? Só de jurubeba

XICO SÁ

Homem que é homem não entende de vinho fino. Pode até gostar de beber um vinho "metido-a-besta", dependendo da companhia, mas é incapaz de reconhecer um Cabernet Sauvignon nacional ou qualquer coisa do gênero.
Não sente a diferença entre o precioso líquido daqueles garrafões baratos de cinco litros (próprio de festas estudantis) de qualquer um rótulo do mundo Chapoutier ou seja lá que diabo for.
Entope-se de aspirina no dia seguinte, de tanta ressaca, trata toda a humanidade como se fosse um dublê do "garoto-enxaqueca". Bom... mas como pregam os filmes do velho Frank Capra, "da vida nada se leva, a não ser o amor dos amigos".
Homem sem crise, sem as dúvidas que abatem a espécie neste fim de século, não dispensa mesmo é um vinho de jurubeba Leão do Norte (foto) ou similares.
Medicinal, a jurubeba, segundo lendas agrestes, cura tudo quanto é doença, amplia a disposição do sujeito, limpa o sangue. É o próprio nirvana engarrafado.
É bom e fácil manter em casa um estoque desse vinho que humilharia toda a carta de Baco. Podemos encontrá-lo à vontade em mercearias e bares de São Paulo.
Vai bem, como aperitivo, ou acompanhamento para pratos à base de cabrito, carneiro ou galinha caipira (não vale frango urbano resfriado).
No "Aconchego do Assaré", bar e restaurante na região central da cidade, domina-se a arte de combinar jurubeba com suculentas refeições ou petiscos. Para completar, ouve-se discos raros de Jackson do Pandeiro.
Homem que é homem não se humilha diante da sabedoria e refinamento de nenhum sommelier. Pode até decorar uns dois, três rótulos para comover a dama, mas nunca passará de um reles blefador no assunto. (Xico Sá)

E-mail: Xico@uol.com.br

ONDE ENCONTRAR Aconchego do Assaré: r. São Paulo, 306, Liberdade, região central, tel. 278-5596. Mercearia São Pedro: r. Rodésia, 34, Vila Madalena, região sudoeste, tel. 815-7200, preço da garrafa: R$ 4.

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