São Paulo, domingo, 6 de julho de 1997
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'Camélia' de Carla Marins tem inspiração felliniana

CRISTIANA COUTO
DA REPORTAGEM LOCAL

"Quero que meu personagem não se transforme numa pessoa amarga por amar demais", espera Carla Marins, 29, a camélia Dinorah de "A Indomada" (Globo, 20h).
Em seu décimo papel em novelas, Carla, que explodiu ano passado como a garota nacional do clipe da banda Skank, nunca se deparou com um personagem tão romântico.
"Dinorah tem uma crença tão profunda no amor que se entrega cegamente a um homem para realizar o grande sonho da sua vida", diz a atriz, que fez a freira Elisa, proibida de amar Rodrigo, em "O Mapa da Mina" (93).
"Com essa atitude de priorizar o romantismo, ela vai acabar se dando mal", adianta.
Nos próximos capítulos da trama, a doce camélia casa-se com Sérgio Murilo (Cássio Gabus Mendes, o Rodrigo de "O Mapa da Mina").
Na mesma noite, ambos se internam em um hospital para que o marido receba um dos rins de Dinorah, que decidiu doá-lo para salvar a vida do amado e "estar ligada à ele para sempre". Mas, ao recuperar-se do transplante, Murilo some do mapa.
"Queria apresentar uma história real, mostrar até que ponto mulheres românticas e ingênuas podem ser enganadas por um homem", diz o autor Aguinaldo Silva, que reproduziu uma notícia de jornal com a mesma história "de amor e doação".
Carla Marins acha que o que prevalece é a história de amor, e não as polêmicas em torno da doação que, para ela, representa a entrega amorosa do personagem.
"Vai ser um ponto dramático que tratará de valores morais, mas Dinorah não levanta bandeira, mesmo porque ela se mostrou apenas emocionalmente despreparada", diz.
"Vou reiterar nos diálogos que doar um rim foi uma atitude positiva, e Dinorah vai dar a volta por cima", diz o autor.
Quando questionada sobre como conseguiu essa veia romântica tão profunda para interpretar a camélia, Carla Marins não hesita: "Vi várias vezes o filme 'Noites de Cabíria' do Fellini". O filme, de 1957, conta a história de uma prostituta romana que sempre leva a pior por acreditar na boa fé das pessoas.

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