São Paulo, quarta-feira, 9 de julho de 1997
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Carro atropela quatro sem-terra em PE

DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

Quatro trabalhadores rurais sem terra que participavam de uma passeata ontem no centro de Recife (PE) foram atropelados pelo motorista do Gol placa KFK-3512, que estava impaciente com o engarrafamento provocado pela manifestação.
Os sem-terra sofreram ferimentos leves. Segundo o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra), que organizou a passeata, o motorista teria buzinado e gritado várias vezes: "Sai da frente, peãozada, sai da frente".
Os sem-terra cercaram o carro e começaram a discutir com o motorista. Em seguida, alguns passaram a bater no automóvel com pedaços de pau e cabo de foice.
O pára-brisas do automóvel foi quebrado e o teto ficou com uma parte amassada.
O atropelamento aconteceu quando o motorista pôs o carro em velocidade e saiu em disparada.
Na arrancada o sem-terra Maurílio Tiago Cavalcanti, 31, chegou a ser arrastado cerca de 50 metros, sobre a parte dianteira do automóvel. Ele sofreu cortes nos braços.
"Ele tava com o cão no couro (diabo no corpo). Queria passar por cima da gente", disse outro ferido, Jaime Deodato da Silva, 69, atingido nos braços e cabeça.
O motorista estava com três outras pessoas no carro. Nenhum deles havia sido identificado até o fechamento desta edição.
Segundo a Secretaria da Segurança, o motorista teria telefonado para a polícia e teria prometido se apresentar ainda ontem à noite ou, no mais tardar, hoje pela manhã.
A passeata foi realizada em protesto pelo assassinato de dois sem-terra, ocorrido em Nazaré da Mata (64 km de Recife) há um mês. Até ontem ninguém tinha sido preso. O secretário da Segurança, Antônio Morais, disse que o caso está sob o comando de um delegado especial.
O MST acusa o proprietário do engenho em que aconteceram os crimes, Rui Ramos, de ser o mandante. Ramos já prestou depoimento à polícia e negou qualquer participação no caso.
FHC
Fernando Henrique Cardoso deve se encontrar hoje com o ministro Raul Jungmann (Política Fundiária) para analisar os primeiros pontos propostos pelo MST para retomar o diálogo com o governo.

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