São Paulo, quarta-feira, 9 de julho de 1997 |
Próximo Texto |
Índice
Explosão de caminhões mata 11 no PA
IRINEU MACHADO
Os corpos das vítimas ficaram completamente carbonizados e deformados. A explosão, ouvida num raio de 20 km do local, aconteceu depois que um caminhão-tanque de combustível passou por uma carreta da transportadora Granero que estava em chamas na rodovia. A carreta, uma Scania T-113, havia parado na pista por volta de 17h, com um pneu furado e princípio de fogo em uma das rodas traseiras e esperava um borracheiro. Pequeno extintor O motorista da carreta quebrada, Francisco de Assis Monteiro, tentou, em vão, controlar o fogo com um pequeno extintor, que se espalhou pela carroceria e depois pela cabine. A carreta guiada por Monteiro estava carregada com 27 toneladas de nitrato de amônia, substância usada na fabricação de explosivos. A carga vinha da Ultrafértil, em Cubatão (SP), e seria levada para a Companhia Vale do Rio Doce em Carajás (PA), conforme confirmou à Agência Folha o gerente da divisão de transportes da Granero, Antonio Carlos Cezar Filho, 43. O fogo já se espalhava também pelo pasto de uma fazenda na área. Dois caminhões-tanque carregados com gasolina e óleo diesel chegaram ao local, onde já havia uma fila de 20 carros. A carreta estava na pista, pois não há acostamento. Segundo testemunhas, o motorista de um dos caminhões-tanques decidiu arriscar e passou pela carreta em chamas. Depois que o caminhão de combustível chegou 150 metros à frente da Scania incendiada, ela explodiu e espalhou fogo pelo local. O caminhão-tanque explodiu em seguida. O outro caminhão-tanque foi arremessado pelo impacto da explosão a uma distância de 200 metros. A carreta, o caminhão-tanque que explodiu e uma camionete D-20 que transportava moradores da região se transformaram em destroços. A maioria dos mortos era de passageiros da D-20, que vinha do povoado de Vila Rio Vermelho, em Xinguara. Francisco Monteiro e os motoristas dos dois caminhões de combustível também morreram no local. A Polícia Militar não informou até o final da tarde de ontem qual era a empresa proprietária dos caminhões de combustível, que estariam viajando de Marabá a Xinguara para abastecer postos. Cratera Uma cratera de 4 metros de profundidade por 15 metros de comprimento se formou na pista. Corpos foram jogados a até 15 metros dentro da mata. Os destroços da explosão, como estilhaços de metal dos carros e pedaços de asfalto, atingiram pessoas ao redor num raio de mais de 500 metros. A PM de Xinguara só acabou de recolher os restos de corpos por volta das 10h de ontem. Os bombeiros passaram o dia de ontem apurando as causas do acidente. Cézar Filho, da Granero, disse acreditar que o caminhão-tanque que passou pelo local provocou a explosão. "Temos informações de que estava ventando na hora em que ele passou. O fogo deve ter sido levado para o tanque de combustível." Segundo ele, a carreta "obedecia a todas as normas de segurança exigidas para o transporte do produto". A Granero transporta o produto de Cubatão para Carajás duas vezes por semana. O transporte dura cinco dias. Próximo Texto: Estrada foi local de morte Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |