São Paulo, quarta-feira, 9 de julho de 1997 |
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'Filmar na água é como ficar nua', diz Stone
ADRIANE GRAU
A aventura submarina na qual ela contracena com Dustin Hoffman, Samuel L. Jackson e Peter Coyote serviu para a atriz lançar seu visual de cabelos curtos e rosto sem maquiagem. Segundo ela, a mulher sedutora que conquistou o público masculino em "Instinto Selvagem" (92) não será vista tão cedo nas telas. Mas seu coadjuvante em "Sphere" revela-se encantado com a atriz. "Ela não daria uma ótima Mrs. Robinson?", pergunta Dustin Hoffman, relembrando a candidata a sogra que o seduziu em "A Primeira Noite de um Homem". Stone se diz espiritualizada e avessa a badalações. Suas visitas à vizinha cidade de San Francisco se limitam ao Glide Memorial Church, o templo episcopal que tem o melhor coro vocal negro da cidade nos domingos de manhã. Enquanto seus dedos não estão deslizando pelos cabelos curtos, a mão brinca com a tatuagem provisória que dá a volta por seu braço direito. "É feita de hena e dura apenas duas semanas", conta ela. Vestindo camiseta lisa, calça de corte reto e tênis brancos, a atriz recebeu a imprensa internacional no set de "Sphere", em Mare Island, Califórnia, na semana passada. Leia os principais trechos da entrevista. * Folha - Quase todas as cenas de "Sphere" são filmadas embaixo d'água. Como você se preparou para o papel? Sharon Stone - Filmar é como ficar nua. Se você pensar no que está fazendo, acaba não conseguindo. É apenas mais uma limitação física. Se você ficar concentrada em si mesma e nos seus próprios medos, não faz o filme. Folha - O que mais lhe deu medo? Stone - Bom, tenho que vestir 140 libras de equipamento, algo que pesa mais do que eu. Não tenho medo de mergulhar, pois sou mergulhadora certificada. Mas saber que eu não posso tirar o equipamento sozinha quando tiver vontade ou se precisar, isso sim é assustador. Não dá para nadar até a superfície se houver um problema, não dá para sair rápido do fundo do tanque. Folha - Desde quando você pratica mergulho? Stone - Comecei há dez anos, pois tinha medo de água. Mas foi com este filme que eu realmente superei o medo. Tive que encarar uma situação complicada após a outra, e você tem que aprender a se controlar. Folha - É verdade que você praticamente implorou o papel ao diretor Barry Levinson? Stone - Eu o persegui como um cãozinho. É uma ótima história, com um excelente diretor e ótimos atores. Fui até a casa dele e interpretei cenas na sua sala. Acho que ele pensou que eu era louca, e que isso seria bom para o filme. Folha - Sua personagem em "Sphere", Beth Halperin, é perturbada mentalmente, mas você diz que se identifica com ela. Como assim? Stone - Acho que, assim como ela, fico fascinada com detalhes. Além disso, eu gosto de fazer personagens que não têm controle emocional. É fascinante seguir o que acontece com você mesma enquanto interpreta. Não podemos fazer assim na vida real, pois a sociedade nos conforma, nos impõe um comportamento que tem que seguir certos padrões. Aí de repente posso fazer o que o personagem quer fazer. Usar drogas, ter um chilique. Gosto de viver em conflito. Folha - Em "A Última Chance" (96), você interpretou uma mulher condenada à morte. Em "Sphere", faz uma bióloga marinha metida a surfista. O público vai voltar a ver a Sharon Stone sexy de "Instinto Selvagem"? Stone - Não sei como dizer isto sem parecer que estou querendo dar uma de espertinha. Mas a verdade é que posso estar numa superprodução quando quiser. Quando fiz "Instinto Selvagem", poderia ter feito mais seis que tivessem a mesma história. Mas finalmente havia tido uma oportunidade de aprender minha arte. Tento fazer filmes que são algo que eu nunca tenha feito antes. Folha - Por exemplo... Stone - Acabei de fazer uma mãe em "The Mighty", e meu filho tem seis anos. Percebi como é ser mãe como atriz e como é ser mãe como mulher. Vou descobrir o que isto significa para mim. Texto Anterior: Animação "Dibu" estréia Próximo Texto: Cenário submarino atrai em "Sphere" Índice |
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