São Paulo, sábado, 12 de julho de 1997
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'Reforma e eleições são incompatíveis'

OTÁVIO DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Os cientistas políticos ouvidos pela Folha também são unânimes em afirmar que o momento não é adequado para realizar reformas políticas devido à proximidade das eleições de 1998.
"Reforma política e eleições são coisas incompatíveis", diz José Augusto Guilhon Albuquerque. "A discussão está viciada pelos interesses eleitorais imediatos."
Segundo Albuquerque, o Brasil deve buscar um sistema que aumente a responsabilidade dos políticos com os eleitores, seu partido e o governo. "No sistema atual, não há nenhum controle da responsabilidade dos políticos", diz.
Ele defende redução do número de partidos no Congresso, adoção do voto distrital e maior grau de fidelidade partidária.
Para Bolivar Lamounier, a reforma só pode acontecer depois da elaboração de um projeto consistente do ponto de vista jurídico, político, econômico e estatístico. "Sou cético em relação a tudo o que está sendo discutido", diz.
Para Jairo Nicolau, a reforma deve acontecer aos poucos, com medidas pontuais que fortaleçam os partidos. Ele sugere o fim das coligações em eleições legislativas (proporcionais) e o aumento do prazo de filiação para dois anos antes da disputa eleitoral.
Nicolau é contrário ao voto distrital: "Não vejo por que votar em um candidato onde eu moro. Isso é ultrapassado e diminui minha escolha. Quero votar em alguém de minha orientação".
Leôncio Martins Rodrigues é favorável ao fim das coligações proporcionais. "Elas permitem que partidos com poucos votos tornem-se parasitas de partidos maiores, elegendo, de carona, deputados pouco representativos."
Rodrigues defende a proibição de mudanças de partido no meio do mandato e redução do horário eleitoral gratuito. "A propaganda em excesso irrita a população e banaliza as eleições", afirma.
Para ele, uma ampla reforma não melhoraria a qualidade do Poder Legislativo brasileiro. "Essas coisas não se mudam por decreto. Podemos alterar tudo, mas, no final, os candidatos serão mais ou menos os mesmos e os eleitores também", afirma.
(OD)

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