São Paulo, sábado, 12 de julho de 1997
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Produtividade de médicos é baixa

DA REPORTAGEM LOCAL

O relatório do TCE insinua que a produtividade dos cerca de 10 mil médicos que trabalham para a Secretaria de Estado da Saúde é muito baixa.
Em média, cada médico da secretaria deu em 1995 apenas 5,3 consultas por dia. O índice foi um pouco melhor do que em 1994, quando a média de consultas diária foi de 3,8, mas ainda assim é considerado ruim.
Por falta de dados, o TCE não conseguiu efetuar o cálculo para o ano de 1996.
A OMS (Organização Mundial da Saúde) considera razoável que um médico gaste cerca de 15 minutos em cada consulta.
Portanto, um médico que trabalhe oito horas por dia deve atender cerca de 32 pacientes -um índice seis vezes superior ao dos médicos da secretaria.
Para chegar a esses índices, o tribunal dividiu o número total de consultas, que ficam em torno de 10 milhões por ano, pelo de médicos da secretaria.
O TCE considerou que cada médico trabalha 20 dias por mês.
Para Nilson Ferraz Paschoa, diretor da rede de postos de saúde do Estado na capital paulista, o número de consultas calculado pelo TCE não é totalmente correto, mas não chega a ser errado.
"Esse dado é mais próximo da realidade do que de representar algo absurdo, mas ele precisa ser complementado", disse.
"Há postos de saúde em que temos uma produtividade muito boa, de 16 consultas por médico a cada quatro horas, mas há outros em que a produtividade é baixa."
O hematologista Hélio Lotério, que trabalha no Hospital Brigadeiro e no Hospital das Clínicas, afirmou que atende, diariamente, pelo menos 15 pacientes e, às vezes, até 20.
"É lógico que há médico que trabalha pouco, mas isso ocorre em qualquer profissão", afirmou Lotério. "As consultas no Brigadeiro são boas, duram cerca de 15 minutos. O único problema é que a espera é grande", disse a paciente Neuza Miguel da Cruz.
Para o Sindicato dos Médicos de São Paulo, o cálculo do TCE está errado. "Não se pode simplesmente dividir o número de consultas por todos os médicos. Algumas especialidades médicas, como a dos anestesiologistas, nem chegam a dar consulta", disse José Erivalder Guimarães de Oliveira, presidente do sindicato.

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