São Paulo, sábado, 12 de julho de 1997
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Natacha Atlas viaja de volta às raízes

CELSO FIORAVANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Quem conhece a cantora Natacha Atlas por meio de seus dois discos lançados com o grupo Transglobal Underground, "Dream of 100 Nations" (93) e "International Times" (94), pode não reconhecê-la agora, com "Halim", seu segundo disco solo e o primeiro que chega ao Brasil.
"Quando eu encontrei o grupo Transglobal Underground, eu não tinha afinidades com a dance music. Era uma coisa que eu não compreendia, mas que, ao conhecê-los, passei a apreciar as possibilidades que ela dava", disse a cantora, que já conhece o Brasil (passou férias em São Paulo, na casa de um tio, há quatro anos), em entrevista por telefone à Folha, de Londres, onde mora.
Desde "Diaspora", seu disco anterior, Atlas parecia disposta a se distanciar do trabalho do grupo, mais ligado à dance music, e marcar um caminho próprio, uma atitude até coerente com suas raízes.
Como o próprio nome desse trabalho já indica, a belga Natacha Atlas é filha de sefarditas (judeus expulsos pela Inquisição espanhola em 1492) provenientes do Egito e palestinos.
"Meu nome vem do Marrocos, de Meknes, onde existia uma grande família judia com esse nome e que depois se espalhou pelos países árabes", disse.
"Halim", o disco que chega agora ao Brasil, prossegue nesse caminho de volta. Privilegia arranjos acústicos -com acordeão, instrumentos de corda e percussão- para temas mais duradouros e ligados ao coração: o amor, a separação e o desejo da volta.
É possível notar ainda outras influências suas, como a música latina, em faixas como "Ya Weledi". Atlas tomou contato com a música latina ainda em sua cidade natal, Bruxelas, em bares latinos.
"Frequentava um bar de salsa e fiquei amiga dos músicos." Foi em um desses bares, como crooner, que iniciou a carreira de cantora.
Outra influência é a música indiana, presente nos arranjos como "Andeel". "Sou uma grande fã do cinema indiano. Desde os meus dez anos de idade, sou uma espectadora fiel desse cinema e de seus astros. A Índia produz muitos filmes musicais também, e isso me influenciou muito", revelou.
Assim, seu lado dance não desapareceu por completo, calcado em poderosas bases rítmicas e percussivas árabes e em um canto mântrico revisitado, sempre em árabe, já que não canta em inglês.
"O inglês não é uma língua muito emocional e não apresenta muitas texturas. É difícil para mim. Canto um pouco em francês, espanhol e hindi", disse.

Disco: Halim
Artista: Natacha Atlas
Lançamento: Paradoxx
Quanto: R$ 20 (em média)

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