São Paulo, domingo, 13 de julho de 1997 |
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Excluídos são 59% da população do país
JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
Na escola, a esmagadora maioria (86%) desses brasileiros não foi além da 8ª série do 1º grau. Quase todos (97%) têm renda familiar mensal menor do que R$ 1.120,00. Um corte regional dos dados mostra que a concentração de excluídos é 1/3 maior no Nordeste do que no Sudeste. São 71% na média dos Estados nordestinos, contra 53% no Sudeste e 55% no Sul. Antítese dos excluídos, a elite se resume a 8% dos brasileiros. É o grupo que está, sob os aspectos de renda e escolaridade, mais próximo do topo da pirâmide social. A idade média de 35 anos é significativamente menor do que a dos excluídos (38,2 anos). A elite concentra mais brancos (85%) do que qualquer outro segmento da sociedade. É também onde há menos negros (2%) e pardos (12%). Não por acaso, os membros da elite são os mais integrados ao mercado de trabalho formal. Mais da metade dos 77% que integram a População Economicamente Ativa tem ocupações regularizadas. A maior fatia (21%) é de assalariados com carteira assinada, seguidos de 14% de funcionários públicos, 11% de autônomos regulares, 9% de empresários e 7% de profissionais liberais. Contraste regional A distribuição da elite pelo território revela um contraste regional tão dramático quanto a diferença entre as condições de vida desse grupo social e o dos excluídos. No Distrito Federal, a elite chega a 30%. Isto é: quase 1/3 dos brasilienses concluiu no mínimo o segundo grau (a maioria tem curso superior), tem renda familiar acima de R$ 2.240,00 e confortos como dois carros e uma empregada. Em Pernambuco, porém, a elite não passa de 4% da população. Em contrapartida, os excluídos somam 73% dos pernambucanos. No Distrito Federal eles são menos da metade disso: 36%. A menor exclusão no sul do país, porém, está longe de garantir tranquilidade à maioria da população desses Estados. Em todos eles os excluídos somam metade ou mais dos habitantes. Os problemas socioeconômicos do Sul-Sudeste, entretanto, não se refletem apenas sobre os excluídos. Foi em Estados como Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Rio de Janeiro que o Datafolha encontrou os maiores percentuais de decadentes. Esse grupo social, no qual estão incluídos 14% dos brasileiros, se caracteriza por uma escolaridade acima da média (79% têm segundo grau e 21%, diploma de curso superior), mas renda familiar inferior a R$ 1.120,00 por mês. A posse de bens de consumo em um nível superior ao da maioria dos brasileiros (74% estão na classe C e 18%, na B) indica que eles já viveram melhores momentos. Os decadentes são as principais vítimas da revolução do mercado de trabalho ocorrida nesta década. Com 31 anos de idade média, formam o segmento mais jovem (11% de estudantes) entre os brasileiros. Mesmo os que têm emprego formal (26% de assalariados registrados e 14% de funcionários públicos) ganham pouco. Passam por crise financeira igual à dos 18% que se transformaram em autônomos (regulares ou não). Em contraposição aos decadentes estão os batalhadores. É o menor grupo identificado pelo Datafolha, 3% da sociedade, mas com uma característica marcante: consegue obter uma renda alta mesmo com pouca escolaridade. Adaptação São dos mais bem adaptados ao mercado de trabalho. Fazendo bico (16%), sendo assalariado (18%) ou tocando algum empreendimento (6% de empresários), ganham mais de R$ 2.240,00. Devem ter capacidades requisitadas pelo mercado, como conhecimentos de informática, ou talento para descobrir, como empresário, uma demanda não-atendida. Deles, 2% já chegaram à classe A, 27% estão na B e 49%, na C. Isto é: são os típicos emergentes que fizeram a festa das lojas de aparelhos eletrônicos e eletrodomésticos após o Plano Real. O quinto grupo identificado pelo Datafolha é o dos remediados. Levam esse nome por estarem no meio termo em tudo: têm renda, escolaridade e capacidade de consumo médias. Texto Anterior: PT conclui apuração de denúncia e vê desvio ético Próximo Texto: Veja como a pesquisa foi feita Índice |
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