São Paulo, domingo, 13 de julho de 1997
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Português era 'grego' para pioneira japonesa no ABC

DA REPORTAGEM LOCAL

Shinzue Toyoda, hoje uma tataravó de 95 anos, chegou ao porto de Santos, no Estado de São Paulo, no dia 18 de setembro de 1925, não sabendo nenhuma palavra em português.
Sobre o Brasil, ela sabia localizar geograficamente porque tinha olhado onde ficava num mapa de um vizinho, em Seto, uma cidade na província japonesa de Aichi. Shinzue veio para o Brasil com o marido, que tinha perdido o trabalho numa fábrica de cerâmica e tentava ganhar a vida como fotógrafo, e com o filho de três anos.
A família viajou 63 dias num navio cargueiro e, assim que chegou, foi colocada num trem para Ribeirão Preto, onde iriam trabalhar numa fazenda de café.
O desconhecimento sobre o Brasil e sobre seu trabalho era tal que Shizue imaginava que os pés de café fossem baixinhos como as plantações de chá que conhecera no Japão.
Até hoje, se lembra da surpresa que teve ao chegar à fazenda.
Depois de um ano de trabalho nessa fazenda, Senjiro Toyoda resolveu mudar de novo e tentar ganhar a vida trabalhando com o que mais conhecia -a fabricação de produtos de cerâmica. Eles foram a primeira família japonesa a se instalar em São Caetano, no ABC paulista, onde Shizue mora até hoje, agora viúva.
Como a família Toyoda, entre 5 e 7 milhões de estrangeiros chegaram ao país entre 1870 e 1930, a grande maioria sem especialização profissional e sabendo muito pouco sobre o país.

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