São Paulo, domingo, 13 de julho de 1997
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Brasileira de Madri já viajou a Villamiel

PAULO HENRIQUE BRAGA
DE LONDRES

Não são só brasileiras que vivem no Brasil que estão viajando a Villamiel atrás de marido. Também as que moram em outras cidades espanholas tomaram o caminho do povoado dos solteiros.
Esse foi o caso da carioca Sandra Regina dos Santos Bizarro, que mora em Madri e viajou a Villamiel há cerca de um mês.
Ela decidiu ir à cidade depois de receber por telefone de sua mãe, que mora no Brasil, o relato da reportagem exibida na televisão sobre Villamiel.
"Estou a fim de casar porque quero ficar na Espanha e meu visto de turista está prestes a expirar", disse Sandra à Folha, por telefone. Definindo-se como "mulata tipo exportação", Sandra afirma ter 28 anos, 1,65 m e 52 kg.
"Muita menina de 20 anos não tem o meu corpo", disse.
Ela afirmou ter trabalhado no show de Osvaldo Sargentelli e participado de programas das TVs Tupi e Bandeirantes.
Ao chegar ao vilarejo de 826 habitantes na Província de Extremadura, porém, Sandra não ficou muito animada em relação aos homens de Villamiel.
"Não encontrei nenhum que me agradasse. Os que têm por aqui não são muito bonitos, mas têm olhos azuis."
Quanto à cidade, descreveu como "limpinha e bonitinha".
Mais animado ficou José Ramos, que organiza viagens de brasileiras ao vilarejo, com quem Sandra conversou em um bar.
"Eu gostei dela. Sandra é muito bonita, quase uma modelo."
Se não encontrar ninguém que a agrade em Villamiel, a brasileira seguirá para Madri e depois voltará ao Brasil.
Decepção
José Ramos afirmou estar decepcionado com a demora das brasileiras em viajar à Espanha para conhecer os solteiros da cidade. As agências de Minas já adiaram uma vez a excursão, que, agora, está marcada para o próximo mês.
Desde a exibição das reportagens, a cidade já recebeu mais de 4.500 cartas de brasileiras interessadas em conhecer seus 80 solteiros, cuja idade varia de 27 a 70 anos.
Ramos diz também que seu telefone não pára de tocar e que a prefeitura nunca recebeu tantos faxes. Segundo ele, a repercussão foi tanta que algumas espanholas também estão mandando cartas para Villamiel.
O vilarejo só tem duas mulheres "casáveis". Uma delas já tem namorado. A maioria da população feminina vai estudar ou trabalhar em cidades maiores e acaba casando com "estrangeiros".
Os homens, por sua vez, ficam em Villamiel, se dedicando à agricultura. A cidade produz azeitonas, fumo, aspargos e uvas. Fora das épocas de colheita, a maioria enfrenta o desemprego.

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