São Paulo, domingo, 13 de julho de 1997
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Imigrantes bolivianos são explorados em SP

CÉLIA DE GOUVÊA FRANCO
DA REPORTAGEM LOCAL

Um grupo de estrangeiros, basicamente formado por bolivianos, vive na cidade de São Paulo em condições de semi-escravidão, trabalhando 12 horas por dia e vivendo no local de trabalho.
Esses imigrantes clandestinos, são em geral jovens, solteiros e que vieram para o Brasil na esperança de ganhar dinheiro e voltar para a Bolívia.
Muitos acabam ficando no país, segundo Mario Xavier Steinhosf, secretário da Pastoral dos Latino-Americanos, ligada à Arquidiocese de São Paulo e que dá assistência a estrangeiros.
A Pastoral, criada em 1977, não tem estimativas de quantos estrangeiros estão ilegalmente no país ou mesmo na cidade de São Paulo.
A Polícia Federal e o Ministério da Justiça não divulgam os seus cálculos sobre quantos imigrantes clandestinos existem atualmente no país.
Nos anos 70, a Pastoral atendia principalmente chilenos, que haviam saído do seu país por perseguição política.
Hoje, a grande maioria dos que procuram ajuda veio da Bolívia; um número pequeno vem de outros países da América Latina e são raros os asiáticos.
No caso dos bolivianos, muitos tentam entrar em território brasileiro apenas com seu documento de identidade.
Anistia
"Eles podem entrar no Brasil mesmo sem passaporte se ficarem nas cidades de fronteiras, mas viajam para São Paulo e se tornam clandestinos. Por que estão em situação ilegal, concordam em trabalhar em péssimas condições, geralmente em confecções, ganhando cerca de R$ 0,25 por peça", explica Steinhosf.
Muitos acabam procurando ajuda para conseguir legalizar sua situação, o que é conseguido facilmente se o estrangeiro é casado com uma pessoa brasileira ou tem filho nascido no país.
Segundo Steinhosf, a Igreja e outras entidades de defesa dos direitos humanos estão pleiteando junto ao governo federal uma anistia para os imigrantes clandestinos.
Outro grupo, também numeroso, de imigrantes ilegais é composto por estrangeiros que entraram no país com visto de turista, com autorização para permanecer no Brasil por apenas 90 dias.
Interessados em permanecer no país, mas com dificuldades para conseguir o visto de trabalho, eles acabam entrando na rotina de renovar seu visto de turista a cada três meses.
(CGF)

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